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25/10/2022

Einstein, café, chá e matemática em instituto nos EUA

Em 1930, surgia em Princeton, Nova Jersey, a Escola de Matemática do Institute for Advanced Study (IAS), que teve, entre seus pioneiros, o físico Albert Einstein. Em 92 anos de história, passaram por lá os melhores matemáticos do mundo. Em 2022, Vinicius Ramos, pesquisador do IMPA, foi selecionado para atuar como professor visitante da instituição, cargo que ocupará durante um ano.

O IMPA fica a 7.527 quilômetros do IAS, segundo o Google Maps. Apesar da distância, os lugares têm semelhanças: um badalado café e chá da tarde – onde os cientistas se reúnem para, entre conversas cotidianas, trocar impressões sobre seus estudos – e uma floresta propícia para caminhadas ao ar livre.

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“Todo dia tem um café, chá, cookie, bolo. A comida, que é deliciosa, é um pretexto para encontrar pessoas fenomenais. Você vai pensando em ficar cinco minutos, mas começa a conversar, acaba ficando duas horas. Sai do prédio, vai passear na floresta que fica atrás, e disso sai um novo teorema”, disse Ramos, que está na instituição norte-americana desde setembro.

O pesquisador do IMPA explica que atuará como professor visitante, cargo geralmente alcançado na metade da carreira de um matemático. Sua função é, além de estudar, dar mentoria para os alunos de pós-graduação, ajudando-os a perseguir um foco profissional. 

O objetivo de Vinicius Ramos no IAS é continuar sua linha de pesquisa desenvolvida no Brasil, que envolve a Conjectura de Viterbo e problemas de bilhares. “Meu grande sonho é poder demonstrar coisas novas sobre bilhares usando a geometria simplética”, afirmou Ramos, que esteve no Rio de Janeiro na semana passada para participar da “Conferência IMPA 70 Anos”. 

Em quase um século de história, o IAS cresceu e, além de matemáticos, abriga, atualmente, historiadores, físicos e cientistas sociais. O corpo docente é seleto, com apenas 30 pesquisadores permanentes, que dão aulas para alunos de todos os lugares do mundo, que entram na instituição todos os anos. Os professores visitantes têm a missão de ajudar nessa interação com os estudantes. 

“É um lugar fenomenal. A maioria dos grandes matemáticos do mundo passou por lá em         algum momento. Um lugar absolutamente fantástico, que dá toda estrutura, de alimentação a estadia, para que o pesquisador só tenha que se preocupar em pensar”, disse Ramos. 

Ramos se tornou pesquisador do IMPA em 2017. Após cinco anos de atividades, tem direito a um ano sabático, que usará para aprimorar seus estudos nos Estados Unidos. O vínculo, e o apreço, pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada, permanece. 

“Minha pesquisa, sem dúvida, é chancelada pelo IMPA, ao qual continuo filiado. Estar no instituto me coloca em um lugar de prestígio no Brasil e fora do país. O IMPA me ajudou a construir as relações que me permitiram estar na posição que hoje estou”, disse Ramos.

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