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16/12/2020

Em coluna na Folha de S. Paulo, Viana fala sobre a escrita maia

Foto: Unsplash

Reprodução da coluna de Marcelo Viana, na Folha de S.Paulo

O franciscano espanhol Diego de Landa (1524–1579) é figura controversa na história da colonização das Américas. Como inquisidor e bispo de Iucatã (México) torturou indígenas maias e destruiu seus escritos, que considerava demoníacos. Mas seus próprios textos foram fundamentais para quase tudo o que sabemos hoje sobre essa civilização.

Sua principal obra, “Relação das coisas de Iucatã”, foi publicada na Europa em 1864. Ela contém um “alfabeto” maia que Landa pensava ter aprendido em conversas com os locais. A comunicação entre europeus e indígenas era quase impossível. Para dar uma ideia, “Iucatã”, que os espanhóis pensavam ser o nome do lugar, na verdade vem de “não compreendo o que você diz” em maia. Não surpreende que o alfabeto de Landa tenha muitos erros, até porque ele pensava que os glifos maias seriam letras, e a realidade é mais complexa. Ainda assim, “Relação” teve o papel de “pedra de Roseta” da escrita maia.

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Em 1876, o francês Léon de Rosny compreendeu que os glifos de alguns animais eram mais fáceis de identificar porque vinham associados a desenhos dos bichos. Essa observação esteve na origem do avanço crucial alcançado nos anos 1950 pelo soviético Yuri V. Knosorov.

Knosorov lutou no Exército Vermelho, participando na tomada de Berlim em 1945. Na volta, levou com ele um livro sobre os escritos maias que pegou na biblioteca nacional alemã. Vendo o seu interesse pelo assunto, seu orientador em Leningrado lhe propôs escrever uma tese sobre a “Relação”.

Em 1952, Knosorov observou que os glifos para “cachorro” e “peru” contêm um símbolo comum, e propôs que eles correspondem a uma sílaba comum às duas palavras. Nesta linha, estabeleceu que o maia é (predominantemente) uma língua logossilábica, cujos símbolos representam sílabas e não letras, como pensara Landa.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

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