Verão no IMPA pode ser porta de entrada para matemática
Luiza Barata
Quem nunca viveu uma história de verão inesquecível? Foi na estação mais quente de 1980 que Luiz Henrique de Figueiredo, do IMPA, teve certeza que estava apaixonado, matematicamente falando. “Já estava decidido pela carreira. Mas foi uma surpresa conhecer o instituto e saber que o Brasil tinha um pólo de excelente qualidade tão perto de mim, com atividades abertas e gratuitas.” Naquele ano, o matemático participou pela primeira vez do Curso de Verão do IMPA. As aulas aconteciam no antigo casarão do instituto na Rua Luiz de Camões, no Centro do Rio de Janeiro.
Para sua surpresa, o que mais se via por aqueles corredores eram pessoas interessadas em matemática, mesmo quando a temporada fazia o convite para uma boa praia. “Fiz cursos de ‘introdução à álgebra’ com Yves Lequain, e ‘análise na reta’ com Elon Lages, em 1981, que foram muito marcantes”, conta o pesquisador que, naquela época, dava os primeiros passos na graduação em matemática pela PUC-Rio. Desde 2001, Luiz Figueiredo é pesquisador do IMPA e atua na área de computação gráfica e matemática computacional.
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Quem já pôde mergulhar no Verão do IMPA como aluno e como professor garante que o clima de colaboração entre os participantes é um dos seus pontos altos. Em 2004, quando Augusto Teixeira cursou ‘medida e integração’, não teve dúvidas: voltaria nos verões seguintes. “Nunca havia estudado tanto antes e foi muito gratificante estudar um assunto tão profundamente junto aos meus colegas de curso.”
A imersão foi essencial para que ele “tomasse gosto” por aquilo. O pesquisador do IMPA na área de probabilidade lembra que, ao chegar no instituto pela primeira vez, pôde sentir uma vibração única entre colegas, professor e a própria instituição. “A sintonia me fez ter certeza do caminho profissional que queria seguir.”
A temporada de janeiro também pode trazer o clima perfeito para o reencontro de antigas paixões. “No Curso de Verão, redescobri o prazer que tinha na matemática e me encantei com a computação gráfica”, conta José Ezequiel Soto. O desafio foi enorme, mas deu a ele o fôlego que precisava para considerar o doutorado na área. Etapa acadêmica que foi concluída este ano, sob orientação de Luiz Henrique de Figueiredo e co-orientação de Asla Medeiros e Sá.
“O Programa de Verão foi uma ótima oportunidade de me descobrir como matemático e descobrir o IMPA”, celebra. Ezequiel recomenda que quem quiser fazer o curso, separe o tempo durante os dois meses de aula para ter foco total no estudo.
Para Ana Carolina Mançúr, doutoranda do IMPA, a sugestão é encontrar um curso que desperte sua curiosidade. “Além disso, dar uma olhada na ementa e bibliografia antes de começar, sempre ajuda a se familiarizar”, completa. Em 2016, quando esteve pela primeira vez nas salas de aula no Horto, ela cursava geofísica e cogitava seguir no mestrado em matemática, mas ainda não estava certa de que rumo seguir.
“Me apaixonei pela disciplina e pelo instituto”, diverte-se. Uma cena que não vai mais esquecer é a do auditório com 100 pessoas, todas interessadas em um mesmo tema. Sua quase “xará” e mestranda, Carolina Tsuda, compartilha do episódio. “Ver pessoas de diversas idades e, em participar, jovens matemáticos e matemáticas foi muito marcante.” Além do clima de colaboração, mencionado por Augusto, Carolina lembra também da empolgação que é “particularmente contagiante” entre os participantes.
“Meu conselho para quem vai participar é se conectar com pessoas, seja para estudar ou trocar experiências. O ritmo é puxado, logo, ter uma rede de apoio, seja para discutir a matéria, para conversar sobre matemática em geral ou ainda apenas para bater papo e descontrair, é fundamental. E, além disso, no Verão temos uma oportunidade única de conhecer pessoas apaixonadas por Matemática de diferentes lugares. Aproveitem!”, recomenda.
Este ano, por conta da pandemia do coronavírus, o contato entre os participantes vai precisar ser adaptado. Mas nada que grupos em redes sociais ou aplicativos não possam manter a tradição do Verão conhecido por integrar matemáticos e futuros matemáticos de diferentes lugares. Com formato virtual, as inscrições para o Programa do IMPA estão abertas e vão até 12 de janeiro no site do IMPA. Não fique de fora!
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