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31/01/2022

Trajetória de Leopoldo Nachbin foi marcada por ineditismos


Fundador de instituições de destaque como o IMPA e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o pernambuco Leopoldo Nachbin (1922-1993) completaria 100 anos neste mês de janeiro. Morto em abril de 1993, o pesquisador ficou conhecido pelo “Teorema de Nachbin” e teve uma trajetória marcada por ineditismos. Foi o primeiro brasileiro a palestrar no Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), em Estocolmo (Suécia),  em 1962. No mesmo ano, tornou-se também o primeiro matemático a receber o Prêmio Moinho Santista, um dos mais renomados na área da produção intelectual do país. Formado em engenharia pela Universidade do Brasil, a atual UFRJ, publicou inúmeros livros didáticos, além de quase cem artigos em matemática. 

Sua área de atuação era principalmente a holomorfia em espaços infinitos – funções polinômicas em espaços desiguais, usadas nos cálculos de integrais (uso na engenharia, física, química e matemática aplicada). Mas também contribuiu para diversas outras áreas da disciplina, tornando-se um dos maiores matemáticos brasileiros de reconhecimento internacional. Um dos trabalhos de maior repercussão do pesquisador abordou o teorema de Hahn-Banach para aplicações em espaços normados e foi publicado no Transactions of American Mathematics Society.

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Nachbin nasceu em Recife em 7 de janeiro de 1922, e começou a demonstrar interesse pela matemática ainda na escola. Foi também neste período que fez amizade com uma colega de turma que se tornaria uma escritora ilustre: Clarice Lispector. Na crônica “As grandes punições”, Clarice relembra a amizade que tinha com Nachbin, que considerava “um dos maiores matemáticos que hoje existem no mundo”.

Em 1939, o pernambucano mudou-se para o Rio de Janeiro, e logo conheceu Maurício Peixoto (1921-2019), que também viria a fundar o IMPA. Na capital fluminense, cursou engenharia na Universidade do Brasil, período em que publicou seu primeiro trabalho acadêmico, aos 19 anos. Formou-se em 1948, e no mesmo ano foi para os Estados Unidos estudar na Universidade de Chicago, onde teve contato com matemáticos renomados, como André Weil, Jean Dieudonné, Marshall Harvey Stone e Laurent Schwartz.

A década de 50 foi particularmente agitada para o pesquisador. Além de ter sido eleito membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), participou da fundação do CBPF, em 1950 e dois anos depois criou o IMPA ao lado de Peixoto e Lélio Gama (1892-1981). Ex-diretor do IMPA, Lindolpho de Carvalho Dias descreve Nachbin, com quem conviveu durante as primeiras décadas do instituto, como um “excelente matemático, extremamente competente”.

Outra instituição que contou com o toque do pernambuco para germinar foi Escola Latino-Americana de Matemática (ELAM), fundada em 1967. Integrante elementar da construção da pesquisa matemática brasileira, Nachbin foi reconhecido com outras importantes distinções como o Prêmio Científico Bernardo Houssay, concedido pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

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