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26/07/2023

‘É uma honra voltar ao CBM como palestrante’, diz Laura

Pesquisadora da Universidade Havard (EUA), Laura DeMarco abriu a palestra Rigidity, uniformity, and the Mandelbrot set, na tarde desta quarta-feira (26), relembrando sua vinda ao Colóquio Brasileiro de Matemática de 1999 – época em que seu orientador integrou o quadro de palestrantes do evento. “É uma honra voltar como palestrante”, disse a pesquisadora, que abordou a relação do Conjunto de Mandelbrot com outras áreas, inclusive, álgebra e teoria dos números. 

O diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, foi o responsável por apresentar a palestrante. “Laura se formou em Harvard e se tornou uma referência mundial em Dinâmicas Complexas e Dinâmicas Aritméticas. Ela é membro da National Academy of Sciences dos EUA e foi palestrante do Congresso Internacional de Matemática (ICM), aqui do Rio de Janeiro, em 2018″.

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“O Conjunto de Mandelbrot tem um papel fundamental na pesquisa atual, então, nesta palestra vou explicar sua importância e o motivo pelo qual ele é estudado por mais de 40 anos e, por fim, vamos ver alguns exemplos de como estamos trabalhando com ele”, disse Laura na abertura da palestra.

De forma enérgica, a matemática mostrou imagens de fractais e apresentou alguns pontos de sua pesquisa.  

Para o aluno de doutorado do IMPA Miguel Ratis, que estuda a parte analítica do Conjunto de Mandelbrot, não é possível prever ainda se os resultados de Laura poderão, um dia, ser úteis para a sua pesquisa. “Estamos falando de matemática. Então, você nunca sabe quando vai esbarrar num problema e dizer: ‘opa, agora eu preciso dessa informação que a Laura está trabalhando’. São resultados muito novos, ainda é difícil saber o quanto podem ser  influentes para o tipo de pesquisa que desenvolvo com a Luna (Lomonaco, pesquisadora do IMPA).” 

Já José Victor da Trindade Medeiros, também aluno de doutorado da Luna, destacou o fato de Laura qualificar Mandelbrot como um lugar de caos universal. “Em várias famílias holomorfas, que aparecem em sistemas dinâmicos, quando você muda drasticamente a dinâmica, o Mandelbrot aparece, o que é uma coisa muito boa.” 

 

Camillo De Lellis

Pesquisador do Institute for Advanced Study (EUA), Camillo De Lellis abriu a primeira palestra do CBM desta quarta-feira (26). Com o título “Area-minimizing integral currents: singularities and structure”, o pesquisador citou o livro Geometria Diferencial de Curvas e Superfícies’, do matemático e pesquisador do IMPA, Manfredo do Carmo (1928 – 2018), como responsável pelo primeiro contato positivo dele com o tema. 

“No meu primeiro ano de estudo, meus colegas e eu chegamos a ficar muito perdidos nesses conceitos, até que um de nós disse: ‘bom, existe esse maravilhoso livro [Geometria Diferencial de Curvas e Superfícies] de Manfredo do Carmo que poderíamos ler’ e assim que abrimos o livro, passamos a entender tudo. Foi a primeira vez que encontrei essa noção de superfícies mínimas”, contou ao público.

De Lellis afirmou ainda que “é um grande prazer estar no colóquio dado o histórico do IMPA” principalmente na área. 

Aluno de Lellis, Reinaldo Rezende, que concluiu recentemente o doutorado na Universidade de Princeton, explica que a Teoria das Superfícies Mínimas é um tema muito famoso na matemática. 

“Problemas de minimização vem da física, da natureza. Por exemplo: tem uma montanha e você quer construir uma estrada e precisa minimizar gastos, custos, desmatamento. Isso é um um tipo de problema de minimização. Mas existem também as singularidades que são os obstáculos para levar a matemática abstrata para o contexto aplicado. Então, a gente quer se livrar delas e os teoremas principais do Camilo mostram que existem singularidades, porém elas são poucas no sentido matemático”, explicou Rezende. 

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