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09/08/2023

Na Folha, Viana fala sobre a origem da matemática

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Nesta semana, a Folhinha convidou as crianças a pensar em “quem inventou esse negócio da matemática“. Muitos leitores mais crescidos devem se fazer a mesma pergunta…

O pensamento matemático é certamente tão antigo quanto a humanidade. A ideia de número, por exemplo, surgiu do ato de contar, que praticamos desde os primórdios. Aliás, sabemos que outros animais são capazes de contar, e já comentei aqui que certas abelhas sabem distinguir números pares de ímpares.

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Outros conceitos matemáticos, como forma, grandeza ou padrão, foram igualmente descobertos a partir das experiências diárias de nossas ancestrais longínquos. Entre elas, a observação do céu: compreender e prever o movimento dos astros e suas implicações em nossos destinos sempre foi uma grande motivação para o avanço da matemática.

O objeto matemático mais antigo conhecido, o osso Ishango, descoberto na África Central em 1950, data de 20 mil anos atrás. Ele apresenta incisões que parecem ser registros de contagens, embora alguns especialistas opinem que se trata de listas de números especiais, incluindo alguns primos. Outros sugerem que se trata de dados astronômicos ou até de algum tipo de “régua de cálculo” paleolítica.

Quando a humanidade entrou na história, por meio da invenção da escrita, trouxe a matemática consigo. Os primeiros textos matemáticos –o manuscrito Plimpton 322 (Babilônia, 2.000 a.C.), o papiro de Moscou (Egito, 1900 a.C.) e o famoso papiro Rhind (Egito, 1.800 a.C.)– listam diversos problemas de aritmética, geometria e álgebra e introduzem algumas ideias familiares a nossos estudantes, como o número π (pi) e o teorema de Pitágoras.

Durante milênios, a matemática se desenvolveu às margens do Nilo, no Egito, e do Tigre e do Eufrates, na Mesopotâmia, sempre como instrumento para resolver problemas do dia a dia e ajudar a entender o mundo à nossa volta. Pitágoras (570 – 495 a.C.), esse, veio muito mais tarde. Mesmo não tendo descoberto o teorema que o fez famoso, ele deu muitas outras contribuições importantes. Entre elas a própria palavra “matemática”, do grego mathema, que significa “aprendizado, estudo, conhecimento”.

Ela foi herdada por quase todas as línguas modernas, com uma exceção surpreendente. Em holandês, matemática diz-se “wiskunde”, uma palavra inventada pelo cientista Simon Stevin (1548–1620): “wis” tem a ver com certeza, exatidão, enquanto “kunde” diz respeito a arte, estudo.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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