IMPA celebra 80 anos de Jacob Palis com conferência especial
“Viva Jacob e viva a ciência brasileira que estamos celebrando hoje!”, clamou Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências, durante a abertura da Conferência Jacob Palis (“Conference Jacob Palis at IMPA; On the occasion of his 80th birthday”), no IMPA, nesta quarta-feira (11). Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA, destacou que o pesquisador homenageado “muda e influencia pessoas, e em seu caso, a mudança foi mais drástica.” Viana voltou a 1985, quando chegou a mudar de continente após conhecê-lo.
É que durante sua primeira conferência na Universidade de Coimbra, em uma sexta-feira à noite, “alguém teve a brilhante ideia de avisar a Jacob” sobre o evento. “Nunca estive tão nervoso na minha vida, mas meu consolo era imaginar que poucas pessoas estariam na apresentação, sobretudo o Jacob não estaria lá. Mas adivinhem? Ele estava na primeira fila. Ao final, houve o convite para o doutorado no IMPA e, em março de 1986, havia me mudado para cá”, divertiu-se.
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“No prefácio do livro de Paulo Sad, também consta lá que ele o obrigou a escrevê-lo. Jacob nos obriga a fazer certas coisas”, entregou Viana, bem humorado. A cerimônia de abertura contou com a participação de Lorenzo J. Dias, do Departamento de Matemática da PUC, e de Jerson Lima, presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
“Jacob determinou toda uma visão matemática, através dele mesmo e dos alunos, que tem um sabor bem peculiar. É uma matemática que é diferente. E ele conseguiu isso porque tinha grande carisma, capacidade matemática e visão”, pontuou Artur Avila, pesquisador extraordinário do IMPA e vencedor da medalha Fields. Avila veio da Suíça para fazer a primeira apresentação da conferência especial.
Durante o painel “Mistura fraca de fluxo de translação e transformação de troca de intervalos, novos e velhos”, o pesquisador destacou a influência de Jacob para além do IMPA. “As contribuições avançam pelo Brasil e pela América Latina, inclusive nas relações com todo o mundo, na nossa área de sistemas dinâmicos.” Para Avila, muito do sucesso da escola brasileira se dá ao trabalho desenvolvido pelo pesquisador emérito. “Todo mundo reconhece isso e nós estamos aqui celebrando, como deve ser feito.”
Inspiração que atravessa fronteiras e acompanha a pesquisa da venezuelana Cristina Lizana, hoje professora na Universidade Federal da Bahia; do matemático iraniano brasileiro, Ali Tahzibi, professor da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos e dos pesquisadores do IMPA, Carlos Gustavo, o Gugu, e Enrique Pujals. Em apresentações que se dividiram entre memórias acadêmicas e afetivas, os dois matemáticos lembraram de momentos do mestrado e doutorado, em que Jacob, ou as teorias escritas por ele, estiveram presentes. “Muito obrigado por ser você”, concluiu Pujals.
A admiração marcou a última apresentação do dia, de Rafael Labarca, da Universidade de Santiago do Chile. Em uma linha do tempo desenhada no quadro, foi fácil notar que “a diversidade de palestras, de temas matemáticos e dos lugares onde Jacob já se apresentou, são impressionantes”, disse Labarca. Ao final, o matemático contagiou a plateia com o parabéns pelo aniversário de 80 anos do pesquisador emérito do IMPA. A programação da conferência continua na quinta-feira, a partir das 10h.
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