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10/09/2021

Pluralidade de ideias marca workshop do IMPA

Nicholas Braun, participante do Worskshop

O empenho dos participantes, o interesse das empresas e a pluralidade de ideias marcaram o 7º Workshop de Soluções Matemáticas para Problemas Industriais. Ao longo do evento, que chega ao fim nesta sexta-feira (10), pesquisadores e alunos de pós-graduação de diferentes universidades do Brasil se reuniram em uma força-tarefa para solucionar desafios reais das empresas McKinsey, Shape, Big Data, Carteira Global e Rumo; além de problemas trazidos pelo Ministério Público da Paraíba e pelo Grupo de Políticas Públicas ESALQ, da USP. Para os participantes, bem como para membros do comitê técnico-científico, o saldo foi positivo.

Atualmente em um pós-doutorado na UFSCar, Nicholas Braun Rodrigues compartilha que o encontro “abriu sua mente” para novas possibilidades profissionais. “Quando estamos muito inseridos na pesquisa acadêmica em matemática, perdemos um pouco a perspectiva do quanto as ciências matemáticas são úteis nos setores produtivos. Esse evento me ajudou a visualizar que existe um grande leque de oportunidades fora do meio acadêmico para alguém com a minha formação.”

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O paulistano soube do evento quando participou do 33º Colóquio Brasileiro de Matemática, realizado em agosto pelo IMPA, e logo decidiu se inscrever. No Workshop, trabalhou no desafio proposto pela Rumo sobre previsão da exportação de grãos no Brasil. “Aprendi muito nesses poucos dias de trabalho, e apesar de ter pouca experiência com python e com análise de dados, sinto que consegui contribuir com as análises do grupo. Foi muito extasiante tentar resolver um problema real de uma empresa”, conta.

Pamela M. Chiroque-Solano acredita que o encontro traz “ganho no conhecimento científico” aos participantes

Professora de estatística da UFRRJ e pesquisadora na COPPETEC, Pamela M. Chiroque-Solano é veterana no evento, do qual participa desde 2017. Ela destaca em especial a boa organização do Workshop, que costuma ser tradição, e as vantagens de participar deste tipo de encontro. “Interagir com pesquisadores e conhecer as novas abordagens, tanto metodológicas e computacionais, sempre traz ganho no conhecimento científico”, pontua.

George Magalhães participou pela primeira vez do evento

Foi um post do IMPA no LinkedIn que despertou o interesse do mato-grossense George Magalhães, formado em Redes de Computadores pela Universidade Paulista e em Administração de Empresas pela UnB, para participar do encontro. “Sou um curioso de matemática, entusiasta de ciência de dados, e tenho o IMPA como referência, além de não perder uma coluna do Marcelo Viana na Folha. Quando vi a publicação sobre o workshop, pensei que seria uma boa oportunidade para colocar à prova o que aprendi até agora e aprender um pouco mais”, compartilha.

O formato online possibilitou que George, morador de Brasília (DF) há 16 anos, participasse do encontro pela primeira vez. A experiência superou suas expectativas, “tanto pela integração dos participantes quanto pela troca de experiências”, conta. “Tive oportunidade de aprimorar os meus conhecimentos em ciência de dados com muita prática e ensinamentos dos demais participantes, principalmente na teoria envolvida em cada alternativa discutida, seja quanto às variáveis a serem utilizadas ou o melhor método para atingir os objetivos propostos.”

Membros do comitê técnico-científico destacam sucesso do Workshop

Para o pesquisador do IMPA Roberto Imbuzeiro, membro do comitê técnico-científico, foram muitos os pontos positivos que marcaram esta edição do evento. “A disposição dos alunos, o interesse das empresas e a troca de ideias em cada desafio. É impressionante o que se consegue juntando estes três fatores, por uns poucos dias.” Também chamou a atenção do matemático, alocado no desafio de manutenção preditiva da McKinsey e Shape, a heterogeneidade do grupo. “Os participantes são de várias áreas – matemática, engenharias, estatística – e tinham níveis bem diferentes de experiência em análise de dados. Os que persistiram me surpreenderam com sua disposição e com a velocidade com que estão aprendendo.”

A diversidade também esteve presente nos temas dos desafios, que contemplavam desde problemas em previsão de tempo a mecanismos de controle de corrupção, apontou o pesquisador do IMPA Paulo Orenstein. “O IMPA teve um papel relevante na decisão e criação dos desafios e acabamos com um cardápio de desafios bastante diverso. Os problemas contemplavam aplicações diferentes, que requeriam talentos diferentes, o que deu a chance de os participantes se desenvolverem em condições diferentes”, relata Orenstein. O pesquisador também destacou o engajamento das empresas, que chegaram a disponibilizar até três funcionários para acompanhar e auxiliar no andamento das soluções.

Membro do comitê, Krerley Oliveira, da UFAL, acredita que a troca de experiências proporcionada pelo workshop é “única”. “Por um lado, aprendemos como a matemática pode ser poderosa quando aplicada em um importante problema concreto. Por outro, promovemos redes multidisciplinares que têm potencial de entregar soluções para problemas relevantes do país.” Opinião endossada por Lucas Nissembaum, também membro do grupo organizador. “Para academia como um todo é muito legal poder entender quais são os desafios da indústria e descobrir de que maneira podemos combinar soluções teóricas para criar alguma coisa prática.”

Realizado em formato virtual, o evento é organizado pelo Centro de Projetos e Inovação do IMPA (Centro Pi) em parceria com o Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CEPID-CeMEAI) do ICMC-USP. Parte das atividades do primeiro dia de programação, como a cerimônia de abertura e as apresentações das empresas, estão disponíveis no YouTube do IMPA.

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