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09/07/2021

‘Não apague’: matemáticos e o quadro-negro

Foto: Jessica Wynne/ Divulgação

Há uma máxima estampada em placas pelos corredores e salas de aula do IMPA: jamais apague o que está escrito nos quadros-negros, espalhados pelo prédio e salas do Instituto. 

A fotógrafa norte-americana Jessica Wynne reparou nesse apreço dos matemáticos por esse grande clássico de aulas em todo o mundo e passou a registrá-los. Wynne juntou mais de cem imagens no livro “Do Not Erase: Mathematicians and Their Chalkboards” – ou “Não Apague: Matemáticos e seus Quadros-negros”, em tradução livre para o português – que acaba de ser publicado pela editora da Universidade Princeton, nos Estados Unidos. 

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Entre os espaços retratados no livro, estão as salas multiuso e da direção do IMPA e, claro, os quadros-negros de lá. O livro é uma viagem em folhas de papel a lousas de matemáticos da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina – e também a seus conteúdos. Ao lado de cada foto, nomes como os de Sun-Yung Alice Chang, Alain Connes, Misha Gromov e André Neves escreveram palavras refletindo sobre os rascunhos captados pelas lentes de Wynne. O diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, e José Ezequiel Soto Sánchez, doutor pelo instituto, além de brasileiros como Artur Avila, Enrique Pujals, Fernando Codá Marques e Maria José Pacifico tiveram seus escritos em giz retratados no livro.

Foto: Jessica Wynne/ Divulgação

Após percorrer o mundo atrás de ambientes com seu objeto de estudo, a fotógrafa percebeu como, ao contrário de professores e pesquisadores de outros campos de estudo, que aos poucos foram redendo seus escritos a quadros brancos com canetas ou modelos virtuais, os matemáticos de diferentes países não abrem mão do quadro-negro para dar aulas ou realizar e apresentar pesquisas. 

No que para a maioria das pessoas são números e fórmulas indecifráveis, Wynne enxergou um modus operandi extremamente artístico e criativo, similar ao de um pintor. Uma forma, na visão da fotógrafa, de comunicar a beleza visual e conceitual da matemática, através das figuras, fórmulas, curvas, hipóteses e argumentos estampados nos rabiscos das lousas.

“É como uma tela gigante. Através deles, pode-se enxergar tudo, conectar ideias, adicioná-las e suprimi-las. Nunca vi uma ferramenta ou qualquer outro dispositivo que proporcione esta experiência”, afirmou a fotógrafa ao jornal britânico Guardian.

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