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25/07/2023

Colóquio promove debate sobre mulheres na Ciência

Leticia de Oliveira, Luciana Aparecida e Janice Lopes

Com o título “Mulheres na Ciência e Políticas Públicas. Como equacionar?”, o 34º Colóquio Brasileiro de Matemática levou o público a discutir temas como políticas públicas, desafios e lutas para que as mulheres possam ocupar cada vez mais espaços na ciência. 

De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), de todos os pesquisadores do mundo, apenas 26% são do sexo feminino e 74% das mulheres têm interesse em fazer pesquisa nas áreas de tecnologia, engenharia, matemática, entre outras. No contexto nacional, do total das bolsas de iniciação científica disponibilizadas, 60% são para mulheres. No entanto, apenas 35% permanecem com bolsa de produtividade

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A neurocientista Letícia de Oliveira, da Comissão Permanente de Equidade de Gênero da UFF e da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, participou da mesa e ressaltou que apesar de as mulheres ainda ocuparem poucas posições de destaque, o futuro é promissor. 

“Não tem volta, não tem retorno. Faço um comentário vetorial, pode-se até mudar a velocidade, mas não a direção. Vamos caminhar para frente, pode até demorar um pouco, mas vamos chegar lá. Nós, mulheres, pessoas negras, pessoas minorizadas, temos uma herança de nossas antepassadas que brigaram para nós estarmos aqui. O caminho está dado, não tem mais retorno”. 

A mesa foi mediada por Luciana Aparecida, professora de matemática da Universidade Federal de Jataí, e contou com a participação da professora Janice Lopes, da UFG (Universidade Federal de Goiás). 

Luciana, que também é representante do estado de Goiás na Comissão de Diversidade da SBM (Sociedade Brasileira de Matemática) e SBMAC (Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional), agradeceu ao IMPA por trazer o debate para o principal evento da matemática

“Agradecemos a organização do colóquio em colocar essa mesa no evento que para nós, matemáticos, é um evento de sonho, de importância inimaginável e poder fazer essa discussão aqui, com pessoas e pensamentos diversos. Ao longo da mesa, vemos que a conta [do espaço de mulheres na ciência] não está batendo, dessa forma, como podemos fazer para começar a resolver este problema?”, destacou Luciana. 

Janice, que também é coordenadora-adjunta da Universidade Aberta do Brasil da UFG e pesquisadora, abordou a questão das mulheres negras na ciência. Segundo o IBGE, 28% da população é autodeclarada como mulher negra. Desse grupo, 10,4% concluíram o ensino superior. Além disso, ela também mostrou que mulheres negras representam apenas 7% do número de pesquisadoras mulheres no país. 

“É sempre um grande desafio, mas é um prazer ter espaços como esse para discutir e trazer dados para um grupo, que aparentemente estava interessado em abordar o assunto. Essas discussões são fundamentais para pontuar que não é um debate vazio. Desejamos um futuro um pouco melhor”, destacou Janice. 

Paula Balseiro, professora de matemática da Universidade Federal Fluminense (UFF), que já participa do CBM há alguns anos, pontuou que o debate sobre mulheres na ciência é muito necessário.

“Fico feliz de ver o tema sendo discutido no colóquio. É importante termos espaços para debater o assunto.”

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