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09/09/2024

Cerimônia do Prêmio IMPA de Jornalismo encerra FestMat

 

Marcelo Viana, Leonardo Caparroz, Sabine Righetti e Raphael Gomide

Curiosidade, boas ideias e paixão pelo texto são características indispensáveis para um jornalista, destacaram os ganhadores da 7ª edição do Prêmio IMPA de Jornalismo, em cerimônia de premiação realizada no Festival Nacional da Matemática (FestMat), no sábado (7), na Marina da Glória. A entrega dos troféus para os primeiros colocados de cada categoria (Matemática e Divulgação Científica) e dos certificados para os demais ganhadores foi seguida da mesa-redonda “Ciência e Matemática são notícia”, que encerrou a programação do evento. 

Leonardo Caparroz, da Revista Superinteressante, e Mônica Reolom, do Fantástico da TV Globo, vencedores do concurso deste ano, participaram do debate e contaram ao público o processo de produção das respectivas reportagens “Em busca da verdadeira aleatoriedade” e “Estudos clínicos com células Car-T trazem esperança para pacientes brasileiros com câncer”.

“Antes de você abordar um tema, você precisa se apaixonar por ele. No meu caso, fui motivado a entender como a computação dribla a pseudoaleatoriedade para gerar números aleatórios de verdade. A curiosidade sobre a interdisciplinaridade entre física e computação me chamou atenção e fiquei fissurado por esse tema”, disse Caparroz, que destacou o longo tempo de apuração e estudo que a pauta exigiu.

Já Mônica Reolom falou sobre o trabalho em equipe. A reportagem sobre os testes de um novo tratamento para certos tipos de câncer contou com o trabalho de 14 profissionais. A produtora do Fantástico dividiu com o público informações sobre os bastidores da gravação. Segundo ela, o barulho persistente de cigarras no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) chegou a atrapalhar a gravação das entrevistas no local. A solução foi incorporar o som à reportagem. “O que antes era um desafio foi agregado na matéria como uma mensagem inspiradora. Cigarra significa renovação e acho que essa sacada da Ana Carolina Raimundi foi muito legal. Ela pegou um detalhe e incorporou na matéria. No jornalismo, é importante ter uma boa ideia. Ter essa ‘sacada’.”

 

Marcelo Viana, André Alaniz, Fernanda Chaves, Gleison Barreto, Mônica Reolom, Sabine Righetti e Raphael Gomide

Quem também integrou a mesa-redonda foi a jornalista especializada em ciência, Marília Marasciulo, da Revista Galileu, que foi vencedora do Prêmio IMPA em 2021 e terceiro lugar em 2019 e 2020. Ela avaliou que a “curiosidade” é o diferencial dos jornalistas. “É uma curiosidade que está no dia a dia. Em uma ida ao mercado, você percebe que o valor de um chocolate aumentou muito, por exemplo. Qual foi o motivo? O jornalista vai atrás disso”. 

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“Tem tanta coisa que o Brasil faz e às vezes falta uma ponte. O nosso trabalho, esse Festival também [está cumprindo este propósito]. Temos que trazer a ciência de um jeito que seja acessível, mas que não seja banal, não seja ciência por ciência”, destacou Marília. 

O bate-papo contou com a mediação dos jurados do Prêmio IMPA de Jornalismo,  Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA, e Sabine Righetti, pesquisadora do Labjor-Unicamp e fundadora da Agência Bori.

Mônica Reolom, Marcelo Viana, Sabine Righetti, Leonardo Caparroz e Marília Marasciulo

Cerimônia de premiação

Antes da mesa-redonda, Viana explicou à plateia que o objetivo do Prêmio IMPA de Jornalismo, criado em 2018, é “incentivar a comunicação de massa a se debruçar sobre temas científicos, suas implicações sociais e econômicas e a propagar o conhecimento da ciência na sociedade brasileira”. 

Viana avaliou os trabalhos enviados ao concurso como diferenciados. “Observamos , ao longo desses anos, uma evolução na qualidade das matérias apresentadas como candidatas. Esse ano realmente tivemos um problema sério de escolha. As duas ganhadoras são matérias absurdamente fora de série que fazem jus ao nosso objetivo que é ter comunicação de boa qualidade, comunicação feita por profissionais, transmitindo para a sociedade elementos relevantes para a ciência.” 

Em sua 7ª edição, o Prêmio IMPA de Jornalismo acumula mais de 1.200 trabalhos inscritos de diferentes regiões do país. Além de dois troféus para as categorias disputadas, Matemática e Divulgação Científica, os primeiros colocados foram agraciados com R$ 10 mil cada um, e um certificado de premiação. Os 2º e 3º colocados também receberam  prêmios em dinheiro: R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente.  Ao todo, o concurso pagou R$ 36 mil aos jornalistas com trabalhos selecionados. Veja aqui todas as reportagens vencedoras desta edição.    

Sabine parabenizou os premiados e reforçou os desafios de escrever sobre matemática e ciência para os meios de comunicação. “O modo como as duas reportagens vencedoras do 1º lugar conseguiram traduzir um conhecimento tão difícil, acho que já fez bastante diferença”, disse. 

Também jurado do Prêmio, Raphael Gomide, coordenador de assessoria de imprensa do instituto, avaliou como uma missão a valorização do jornalismo científico. “Acho fundamental valorizar o trabalho de reportagem bem feito. Quando concebemos o prêmio, a ideia era estimular a produção jornalística sobre ciência e matemática, premiar aquelas matérias excepcionais e valorizar o jornalismo científico. Então, acho que com as matérias brilhantes que foram premiadas hoje, isso mostra que o jornalismo científico brasileiro está em um nível muito alto. E é muito relevante para sociedade ter esse trabalho”.

Premiada com o 2º lugar na categoria Matemática, Andrea Freitas, do Canal Meio, contou que a reportagem surgiu por influência do filho. “Meu filho Gabriel está no 2º ano do Ensino Médio e é um apaixonado por matemática, física, por exatas. Esse interesse dele me fez perguntar um dia ‘quem faz matemática na graduação, faz o que depois? Vira professor?'”, contou.

A reportagem “Cálculo do Futuro” mostra como a matemática é uma área extremamente promissora, essencial para a nova economia, capaz de formar profissionais completos para atuar em áreas que vão de inteligência artificial a petróleo e gás.

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