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14/04/2020

Ricardo Castilho defende tese de doutorado por videoconferência

Prestes a se tornar doutor pelo IMPA, Ricardo Castilho não terá a experiência de defesa de tese que imaginava, com colegas e professores da banca reunidos na sede do instituto. Por causa da Covid-19, ele irá apresentar o trabalho por videoconferência nesta quarta-feira (15), às 13h30. Otimista, não se deixou abalar pela mudança. “Me parece uma boa solução. É diferente mas tenho confiança de que as coisas vão dar certo”, disse Castilho, que será o primeiro de uma série de alunos que usarão a tecnologia para defender suas teses

Intitulada “Sobre super curvas com uma super forma de volume fixa”, a tese foi orientada pelo pesquisador Reimundo Heluani, que foi uma grande inspiração para o projeto de Ricardo. “É um pouco a continuação do trabalho de tese do Reimundo. Quando li seu trabalho, gostei, e decidi trabalhar mais nisso”, conta o doutorando, que encontrou dificuldades na busca por uma bibliografia correta e com notação uniforme.

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Nascido e criado em Callao, cidade litorânea no Oceano Pacífico que fica na área metropolitana de Lima, no Peru, o matemático teve uma infância “como a de quase todo mundo”, assistindo a televisão e brincando com os vizinhos. “Não pensava muito no que faria no futuro, mas sempre gostei muito de ciência.  Ao escolher uma carreira pensei que gostaria de estudar coisas mais aplicadas, tipo alguma engenharia ou arquitetura.”

O talento com os números e a habilidade com o raciocínio lógico garantiram uma medalha de prata na Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês) de 2009 e o levaram à graduação na área na Universidade Nacional Maior de São Marcos. “Lá conheci muitas pessoas legais, entre professores e alunos. Fiz amizade com os professores Jesús Zapata e Jonathan Farfan, que fizeram doutorado no IMPA e me influenciaram muito a fazer carreira na matemática.”

Os anos na universidade também expandiram a percepção que Ricardo tinha sobre seu país. “Foi um momento em que reconheci meus privilégios e entendi como a educação ainda pode melhorar. Conheci pessoas de diferentes partes do país, que vinham de outra realidade e com novos costumes, e percebi como o país é grande.”

O ritmo de estudos apertou durante o mestrado no Instituto de Matemática e Ciências Afins (IMCA, Peru) e o estudante teve que abrir mão de algumas distrações da qual estava acostumado a desfrutar, como videogames e filmes. “Foi uma mudança por um bem maior, porque acabou me preparando para o doutorado. Tinha milhões de livros para ler em pouco tempo. Aprendi que a matemática requer muita leitura”, conta o peruano que se aprofundava em topologia algébrica. 

Na reta final para a conclusão de mais uma etapa acadêmica, Ricardo agradece ao seu orientador. “Ele é um professor muito legal que consegue apresentar os teoremas de um jeito muito natural em sala de aula. Também aprendi com ele a entender as coisas num abstract nonsense, o me ajudou nos tópicos mais complicados da álgebra.”

Guiado pelo desejo de motivar as pessoas a mergulharem na matemática e na álgebra, o doutorando quer se tornar um professor no futuro. “A matemática é o caminho que me ajudou a entender o mundo, desde os problemas simples como escolher uma trilha para seguir, até coisas mais complicadas, tipo escolher que fazer no futuro”, conclui.

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