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13/04/2020

Matemático John Conway morre de Covid-19 aos 82 anos

Foto: Universidade de Princeton, Denise Applewhite

O matemático e professor da Universidade de Princeton John Horton Conway morreu no último sábado (11) vítima da Covid-19, aos 82 anos. Uma das mais notáveis contribuições de Conway à ciência foi a invenção do “Jogo da Vida”, o exemplo mais bem conhecido de autômato celular. Feito à mão, muito antes da popularização de computadores, o jogo teve importante papel para o interesse teórico e para a prática de programação e exibição de dados. 

Conway também atuou nas áreas de teoria de grupos finitos, teoria dos nós, teoria dos números e teoria dos códigos. “Foi um matemático fora do comum e um divulgador científico com um carisma excepcional. Não é exagero dizer que ele respirava matemática”, enfatiza Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA. 

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De acordo com o neurocientista e professor de Princeton Sam Wang, Conway apresentou febre na manhã da última quarta-feira (8). Pelo Twitter, Wang lamentou a morte do colega. “Um matemático incomparável, um vizinho agradável e um excelente conhecedor de café. Foi uma morte súbita. Uma parte do duro preço que se paga pelo coronavírus em Nova Jersey”, afirmou.

John Conway nasceu em Liverpool, na Inglaterra, e aos 11 anos já tinha a ambição de se tornar um matemático. Em 1959, recebeu o diploma de Bacharel em Artes e começou a realizar pesquisas em teoria dos números junto a Harold Davenport, quando despertou o interesse por ordinais infinitos. Depois da conclusão do doutorado, em 1964, tornou-se bolsista e professor de matemática na Sidney Sussex College, na Universidade de Cambridge

No início da década de 1980, o britânico foi eleito membro da Royal Society, com o reconhecimento de um “matemático versátil, com uma profunda visão combinatória e virtuosismo algébrico, principalmente na construção e manipulação de estruturas algébricas ‘fora do ritmo’, que iluminam uma ampla variedade de problemas de maneiras completamente inesperadas. Ele fez contribuições distintas à teoria dos grupos finitos, à teoria dos nós, à lógica matemática e à teoria dos jogos (como também à sua prática)”. 

Desde 1987, Conway ocupava cadeira de matemática de John Von Neumann, na Universidade de Princeton, onde atuou até os dias atuais. A jornalista Siobhan Roberts, autora de “Genius At Play: The Curious Mind of John Horton Conway”, afirma que Conway é a junção de “Arquimedes, Mick Jagger, Salvador Dali e Richard Feynman, todos reunidos em um – um matemático singular, com o carisma de uma estrela do rock, senso de humor astuto, com curiosidade promíscua e um desejo ardente de explicar tudo sobre o mundo a todos.”

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