A memorização tem lugar na sala de aula
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O filme “The Wall”, do diretor Alan Parker, lançado em 1982, é uma dramatização do álbum homônimo da banda de rock britânica Pink Floyd. Numa das cenas, o professor humilha um aluno que “se acha um poeta”. Descartando os escritos do menino como “absoluta porcaria”, o mestre ordena que a classe volte ao trabalho, repetindo com ele “Um acre é a área de um retângulo cujo comprimento é um furlongue e cuja largura é uma cadeia. Um acre é a área de um retângulo…”.
A cena, que já foi comum em muitos países, é uma caricatura mordaz da didática da memorização, que dispensa a compreensão e reduz o aluno a um mero receptor. A frase em si é incorreta: uma superfície com área igual a um acre não tem por que ser um retângulo, muito menos esse. Mas o ponto principal é que ela é incompreensível se você não conhece os conceitos e palavras: O que são furlongue e cadeia? E o que área tem que ver com comprimento e largura afinal? Assim, a “definição” é apenas uma fórmula vazia, sem sentido para aqueles que ela deveria instruir.
Foi assim que eu e meus coleguinhas aprendemos que 2 vezes 6 doze, 2 vezes 7 catorze etc, sem sabermos o que é “vezes”. Lembro a primeira ocasião em que vi uma tabuada no quadro-negro e pensei que a professora devia estar distraída: estava escrevendo o sinal de “mais” todo inclinado, chamando-o de “vezes” e, mais incrível ainda, errando quase todas as contas! Tudo isso com o maior carinho, pois a professora era a minha mãe.
Esses exageros conduziram, em décadas recentes, a uma grande desvalorização do papel da memória na aprendizagem da matemática. Não há dúvida de que a abordagem tradicional era errada e ineficiente, mas até onde devemos ir na eliminação da memorizacão do ambiente escolar?
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