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18/04/2022

Fabiele Loterio realiza sonho de cursar pós-graduação no IMPA

Passear pelos largos corredores do IMPA e frequentar sua famosa sala de café não são novidades para Fabiele Loterio, ainda que ela tenha ingressado no programa de mestrado do instituto há apenas um mês. Apesar de ter crescido em Santa Leopoldina, município na zona rural do Espírito Santo que fica a mais de 500 km do Rio de Janeiro, Fabiele já havia visitado o IMPA em outras duas ocasiões, que aumentaram o sonho antigo de cursar a pós-graduação no instituto. Acompanhada de suas irmãs gêmeas Fabíola e Fábia, a capixaba veio ao IMPA em 2019, para o 32º Colóquio Brasileiro de Matemática, e em 2020, para o Programa de Verão.

Multimedalhista da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), Fabiele se inscreveu para o mestrado no IMPA enquanto ainda cursava a graduação em matemática na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e foi aprovada antes mesmo de receber o diploma. Agora, aos 21 anos, comemora a vitória de ter ingressado na pós-graduação de um dos mais renomados centros de pesquisa do mundo, meta que havia traçado desde sua época na OBMEP.

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“As aulas aqui são mais aprofundadas, mas também bem mais rápidas do que na graduação. É muito legal estar aqui todos os dias, porque eu conheci muita gente da área! A gente já estudou em grupo, o que é ótimo para discutir questões, tem uma troca. Está sendo muito bom!”, comemorou.

Com 13 medalhas, trigêmeas Loterio fizeram história na OBMEP

A relação de Fabiele com a matemática foi traçada ainda no Ensino Fundamental, quando ela e suas irmãs começaram a participar da OBMEP. As trigêmeas conquistaram um total de 13 medalhas na competição e, consequentemente, garantiram vagas no Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). A partir dali, a aproximação com o mundo acadêmico foi natural. “No PIC, comecei a gostar ainda mais da matemática e percebi que era a área que eu iria seguir. Foi uma experiência muito legal, porque é um ambiente diferente da escola e o professor sempre deu aulas interessantes”, afirmou. 

Irmãs gêmeas Loterio em premiação da OBMEP

Para chegar ao pódio da competição, as irmãs estudavam matemática com frequência através do material didático do PIC. A primeira conquista veio cedo, aos 15 anos, quando Fabiele cursava o 6º ano do Ensino Fundamental. A capixaba recebeu uma menção honrosa na OBMEP e, no ano seguinte, comemorou a medalha da irmã Fabíola, momento em que as trigêmeas conheceram o PIC. Em 2014, as três levaram medalhas para casa e passaram a frequentar as aulas do programa, uma vez por mês, na Ufes.

Filhas de agricultores, as trigêmeas Loterio cresceram em uma casa simples, sem acesso à internet. Mesmo diante de adversidades, dedicaram horas aos estudos e foram nutrindo sonhos neste percurso. “Na primeira vez em que ganhei o ouro na OBMEP, foi algo incrível, porque pude vir à cerimônia de premiação aqui no Rio de Janeiro e conhecer várias pessoas do IMPA que, lá em casa, só ouvíamos falar. No segundo ouro, fiquei muito nervosa, porque recebi a medalha do Artur Avila! Ele sempre foi uma inspiração para mim!”, comentou a mestranda, relembrando um dos momentos marcantes na competição.

Após concluírem o Ensino Médio com a impressionante coleção de 13 medalhas da OBMEP, não deu outra: Fabiele e as irmãs passaram para a graduação em matemática na Ufes. Por conta do bom desempenho na competição, as irmãs receberam a Bolsa TIM – OBMEP, programa que oferece apoio financeiro a jovens talentosos para que possam cursar a universidade. Com o apoio, puderam dedicar-se aos estudos e custear a mudança para Vitória (ES), cidade onde cursaram a graduação.

“Na faculdade, percebemos que havia uma diferença muito grande entre nós, que tínhamos estudado conteúdos mais aprofundados no PIC e outros alunos que tinham acabado de sair do Ensino Médio. Enquanto nós já tínhamos aprendido a escrever matematicamente, muitos alunos ainda estavam só fazendo as contas”, afirmou.

Ao longo dos semestres, Fabiele percebeu que se interessava mais pela área de pesquisa e, depois do Programa de Verão no IMPA, tudo ficou mais claro, contou a mestranda. “Já sabia que a licenciatura não era o que eu queria, porque sempre gostei mais das matérias do bacharelado. Quando fizemos o Curso de Verão no IMPA foi muito bom, porque percebi que estava no caminho certo, era isso que eu queria seguir.”

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