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28/02/2020

Trigêmeas Loterio se despedem do Programa de Verão do IMPA

O Carnaval foi de muito estudo para os participantes do Programa de Verão do IMPA, que terminou nesta sexta-feira (28). Enquanto foliões lotavam as ruas do Rio de Janeiro, os alunos deram um gás na reta final para as avaliações. Estreantes no curso, as trigêmeas Fábia, Fabíola e Fabiele Loterio afirmam que o programa “é puxado”.

De Santa Leopoldina,  zona rural do Espírito Santo, as multimedalhistas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) estão pela segunda vez no IMPA. A primeira foi durante o 32ª Colóquio Brasileiro de Matemática, em 2019. O curso escolhido foi o de Análise na Reta, frequentemente procurado pelos alunos de graduação.

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“É bastante conteúdo. Na faculdade, este curso é dividido em dois semestres, e aqui aprendemos toda a ementa em apenas dois meses”, pontua Fabíola. Prestes a começar o 5º período de matemática na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), as capixabas reconhecem o diferencial de conquistar o certificado em análise na reta pelo instituto. “O IMPA é o IMPA, né?” comenta Fabiele.

A interação com outros estudantes foi um dos pontos altos da temporada, revela Fábia. “Conhecemos pessoas de outras faculdades que podem nos proporcionar oportunidades, e além disso fizemos amigos que, por mim, são para a vida toda.”

Bolsistas do Instituto TIM – OBMEP, as universitárias começam a ter mais clareza sobre os caminhos que desejam trilhar profissionalmente. Fabíola integra um grupo de estudo dirigido em teoria ergódica, Fábia migrou de grafos para topologia algébrica e Fabiele está se aprofundando em análise funcional, depois de um tempo se dedicando  a estudar Álgebra de Lee. Elas não batem o martelo sobre as linhas de pesquisa, mas têm uma certeza: desejam atuar na academia e se tornar pesquisadoras.

São sonhos cada vez mais possíveis para as filhas dos agricultores Lauriza e Paulo Loterio. Criadas em uma casa simples, sem acesso a internet, as trigêmeas se destacaram na OBMEP, tendo conquistado um total de 14 medalhas na competição. Antenadas, Desejam levar a discussão de gênero para dentro da ciência. “Acho muito importante apoiar projetos de incentivo a permanência de meninas nas áreas de exatas”, diz Fábia.

Durante o Verão do IMPA, as estudantes participaram de um projeto apoiado pelo Instituto Serrapilheira do pesquisador do IMPA Vinicius Ramos que buscou debater a questão da subrepresentatividade de alguns grupos na ciência. “Falamos um pouco sobre as nossas experiências na graduação em matemática como mulheres. Também ouvimos depoimentos de outros grupos, que apresentavam problemas diferentes. Foi muito legal”, relata Fabiele.

Entre estudos, aulas e rodas de conversa ainda sobrou tempo para desfrutar um pouco do Rio de Janeiro. Foram à praia e cantaram nos badalados karaokês da  Feira de São Cristóvão (Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas). Para se consagrarem definitivamente cariocas, pularam Carnaval em um bloco de rua no Centro. 

O destino preferido segue sendo as salas de aulas do IMPA, onde ficaram “a maior parte do tempo”. Foram mais de 380 alunos de 15 nacionalidades que participaram do programa e se despedem nesta sexta-feira do instituto. Um verão regado à matemática que certamente vai deixar saudades.

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