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18/05/2022

Em coluna na Folha, Viana comenta matemática e futebol

Crédito: Debs Coady | Wikimedia commons

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Para as casas de apostas britânicas, as chances de o Leicester City ganhar a Premier League em 2016 eram de 1 em 5000. No entanto, ao final da temporada as raposas, como são chamados, estavam levantando a taça. São momentos assim que distinguem o futebol de outros grandes esportes.

Todo ano, as equipes das principais ligas esportivas norte-americanas (hóquei no gelo, basquete, beisebol, futebol americano) contratam jogadores por meio de procedimentos complexos, os “drafts” (recrutamentos), concebidos de tal modo que as piores equipes têm vantagem na compra dos melhores jogadores para a temporada seguinte.

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Trata-se de esportes em que a força relativa dos times é determinante para o resultado. Sem o draft, os times mais ricos simplesmente contratariam os melhores jogadores, adquirindo vantagem decisiva para ganharem e se tornarem ainda mais ricos, o que desequilibraria a liga e acabaria com a graça da competição.

Já no futebol, o acaso é tão importante quanto a força das equipes, o que faz com que os resultados sejam mais imprevisíveis, mesmo quando alguns times são bem mais fracos. Conforme expliquei aqui, isso está ligado ao fato de haver poucos gols em cada partida: um único gol, obtido num golpe de sorte ou inspiração, pode dar a vitória ao azarão.

Mas, segundo trabalho de pesquisadores da Universidade de Oxford publicado ao final de 2021 na revista Royal Society Open Science, isso está mudando.

Usando ideias de ciência das redes, a área da matemática que estuda sistemas complexos de relações, tais como a internet e as redes sociais, esses pesquisadores desenvolveram um modelo preditivo dos resultados das partidas de futebol, que aplicaram a quase 88 mil jogos realizados em 11 ligas europeias entre 1993 e 2019.

Eles concluíram que os resultados dos jogos se tornaram bem mais fáceis de prever com antecedência do que no passado: o grau de acerto, que era de 60% no início do século, já estava em 80% ao final da década passada. Esse efeito é ainda maior nas ligas mais ricas (Inglaterra, Alemanha, Espanha, Portugal), onde a abundância de dinheiro agudiza as desigualdades de poder aquisitivo entre as equipes.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

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