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12/05/2023

Encontro Mulheres Matemáticas reúne 150 estudantes

Com o objetivo de debater importantes pautas do universo feminino, como o número reduzido de mulheres na ciências exatas, saúde mental e até mesmo as dificuldades na conciliação entre carreira e maternidade, alunas do IMPA promoveram, nesta sexta-feira (12), o 3º Encontro Mulheres Matemáticas do IMPA, que contou com 150 participantes de diversas instituições de ensino. O encontro ocorreu nos formatos presencial e on-line.

O evento, que aconteceu no Dia Internacional das Mulheres na Matemática, contou  com a palestra da neurocientista e professora da UFF Letícia Oliveira, que abordou desde as recentes conquistas femininas, como o direito a voto e a escolha de profissão sem autorização do marido, até os impactos da pandemia de Covid-19, que estendeu em 36 anos a projeção de igualdade de gênero no mundo.

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Apesar de pontuar inúmeros obstáculos que as mulheres enfrentam no dia a dia, Leticia deixou um recado importante no evento, do qual participaram mulheres e homens. “A busca por mudança é uma questão de reparação histórica e também por eficiência. O mundo e a ciência só vão funcionar se houver diversidade. A diversidade aumenta a qualidade da ciência. É muito mais fácil encontrar a solução de um problema se pessoas diversas pensam este problema. Por exemplo, a própria menopausa, uma questão feminina, é negligenciada porque as equipes de pesquisa são lideradas por homens e não mulheres. É importante dizer também que apesar das dificuldades aqui discutidas, as mudanças alcançadas não têm volta, podemos mudar a velocidade delas, mas não a direção. A direção está definida, precisamos de uma abordagem inclusiva e diversa.”

Da esquerda para direita: Fátima Erthal (UFRJ), Letícia Oliveira (UFF) e Karin Calaza (UFF)

Já a professora Fátima Erthal (UFRJ) apresentou alguns estudos, entre eles, um publicado na Revista Science que chegou a conclusão que meninas com 6 e 7 anos se consideram menos brilhantes que os meninos. Para chegar a conclusão, pesquisadores apresentaram às crianças um jogo. Um deles foi destinado a pessoas “brilhantes” e o outro para “muito esforçados”. No teste, foi verificado que a maioria das meninas demonstrou interesse na atividade descrita como esforçada e os meninos na atividade descrita como brilhante – exemplo de estereótipo que no futuro pode interferir na escolha das mulheres em algumas carreiras. 

Doutoranda do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Luiza Miranda, de 25 anos, foi uma das mulheres que participou do evento presencialmente no IMPA. Ela destacou a importância da iniciativa. “Achei muito interessante e extremamente importante este encontro e acho que ele deveria ser reproduzido em todos os centros de pesquisa.”

Laís dos Anjos, 25, que também é doutoranda do CBPF, disse que o evento teve um diferencial. “São temas sempre debatidos, mas aqui foram discutidas possíveis soluções, formas de pensar em outras ações. Foi um encontro colaborativo”, avaliou a estudante. 

Da esquerda para direita: Luiza Miranda Laís dos Anjos

O encontro contou ainda com bate-papos sobre diversidade de gênero e sexualidade, com Elizabeth Menezes e Ana Paula Chaves, e sobre início de carreira com Clarice Netto, Yulia Petrova e Aline Melo. Carolina Araujo, pesquisadora do IMPA, e Jennifer Loría, doutora pelo IMPA, participaram de uma roda de conversa sobre carreira e maternidade.  

No evento, Carolina contou ao público que teve apoio da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA) para viajar com o filho. “Em 2019, tirei um ano sabático e passei um semestre na Califórnia. Eles financiaram a minha passagem e a passagem e creche do meu filho. Se quiserem que as mães participem da vida acadêmica, é importante que a sociedade entenda que temos que estar dispostos a investir nisso. É um ponto que estamos começando a atacar no Brasil.” 

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