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10/05/2023

Na Folha, Viana fala sobre a obra Moby Dick e a matemática

Moby Dick _ Ilustração do Freepik

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Na adolescência, li quase todos os clássicos da literatura juvenil: “A Ilha do Tesouro”, “As Aventuras de Tom Sawyer”, “O Chamado da Selva”, “O Hobbit”, “As Viagens de Gulliver”, “Os Três Mosqueteiros”, “Robinson Crusoé, “Vinte Mil Léguas Submarinas” e tantos outros.

De todos eles, só um me desapontou: “Moby Dick”, de Herman Melville. Ishmael, marinheiro a bordo do navio Pequod, narra a busca obsessiva do capitão Ahab pela grande baleia branca Moby Dick, que causou a perda de sua perna, numa espiral de irracionalidade que conduz à tragédia. Não é a história de aventuras que o meu eu adolescente esperava encontrar.

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Nisso não fui o primeiro. A obra que trouxe a imortalidade a Melville foi recebida, à época da publicação, com reações variando entre a indiferença e a crítica severa. Aquele sobre quem o inglês D. H. Lawrence escreveu –”é um grande livro, um livro muito grande, o maior livro do mar jamais escrito, ele move a nossa alma”– rendeu, em vida do autor, meros US$ 556,37 em vendas.

Também não fui o primeiro, nem o último, a não perceber as muitas referências à matemática, frequentemente sutis, no texto de “Moby Dick”. Aliás, esse é um traço marcante da escrita de Melville, sem que saibamos bem por quê. Em “Mardi”, seu terceiro livro, publicado em 1849, o personagem Babbalanja grita: “Cara, cara, cara! Você é mais difícil de entender que o cálculo integral!”. Mais tarde, outro personagem, frustrado com as filosofias de Babbalanja, reclama: “Basta de lógica e seções cônicas!”.

Mas “Mardi” foi tão mal recebido que Melville prometeu a seu editor que o livro seguinte não conteria “nem metafísica nem seções cônicas, apenas tortas e cerveja!”. Ele até cumpriu em “Redburn”, publicado no mesmo ano. Mas, dois anos depois, com “Moby Dick”, já tinha esquecido a promessa.

Comentando o fato de que os olhos de Moby Dick estão em lados opostos da cabeça, ao contrário dos nossos, Ishmael especula se isso permitirá à baleia lidar com duas ideias ou dois objetos diferentes ao mesmo tempo. “Se sim, então é uma coisa maravilhosa nela, como se um homem fosse capaz de pensar simultaneamente nas demonstrações de dois teoremas distintos de Euclides. E esta comparação faz todo o sentido.”

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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