Navegar

09/05/2022

No Blog Ciência & Matemática, os mestres anônimos pelo Brasil

Rio de Janeiro, Brazil, August 02th, 2018, Riocentro, International Congress of Mathematicians 2018, ICM 2018, Award Ceremony for the Brazilian Mathematical Olympiad, na foto: Davi Campana/R2

Artigo publicado pelo diretor-adjunto do IMPA, Claudio Landim no blog Ciência e Matemática do jornal O Globo.

Há dois tipos de medalhistas na Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP). Alunos como Gérson Tavares, de São Paulo, o primeiro a ganhar quatro medalhas de ouro, e estudantes da escola Augustinho Brandão de Cocal dos Alves no Piauí.

Nos quatro anos em que participou da Olimpíada, Gérson foi o único aluno de sua escola a receber uma medalha. Deve o resultado exclusivamente ao seu talento e dedicação. João Vitor, de Maceió, é outro exemplo. Em 2021, ele foi o primeiro colocado entre todos os participantes na OBMEP do Nível 2 (oitavo e nono anos do Ensino Fundamental), empatado com um aluno do Colégio Militar de Brasília. Único medalhista de sua escola, superou adolescentes de instituições ilustres, como os diversos Colégios de Aplicação, os Colégios Militares e o Pedro II.

Difícil imaginar resultado semelhante em uma prova tradicional, como o ENEM, concebida para medir a proficiência de um aluno. A prova da OBMEP, ao contrário, almeja detectar aptidão para a matemática, ambição corroborada pelos resultados de Gérson e João Vítor.

Cocal dos Alves, no Piauí, produz outro tipo de medalhistas. Lá, todos os anos, alunos da escola Augustinho Brandão conquistam medalhas de ouro. Foram quatro em cada uma das duas últimas edições. As medalhas recompensam certamente o engenho e a empenho dos alunos, mas o número e a regularidade das premiações revelam a existência de uma formação e de um mentor. No caso de Cocal dos Alves, o treinamento coordenado pelo professor Antônio Amaral.

De fato, embora a prova da OBMEP busque detectar alunos com talento para matemática, um programa, baseado no material didático produzido pela OBMEP e disponível em sua página, propicia um bom desempenho na olimpíada.

Percorrendo a lista dos premiados da última edição da OBMEP, encontrei um medalhista de ouro, Kalel Lucena, em Cruzeiro do Sul, no Acre, município de 90 mil habitantes na fronteira com o Peru.

Em sua escola, São José, outras duas meninas, Alessa Lima e Ana Heloisa Rosa, conquistaram medalhas de bronze em 2021. Na edição anterior, em 2019, um aluno da São José, Samuel Reis da Silva, levara um ouro; Kalel uma prata, e outros dois alunos, Cassia Silva e Mateus Saraiva, bronze. Em 2018 e 2017, quatro medalhas de bronze por ano.

Duas medalhas de ouro em duas edições consecutivas configura um desempenho notável. Desde a criação da OBMEP, em 2005, até a última edição, apenas um outro aluno do Acre havia conquistado uma medalha de ouro: Bruna Larissa Carvalho de Sousa, de Santa Rosa do Purus, em 2011.

Leia o artigo completo no blog Ciência e Matemática