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14/09/2023

Tese de aluna do IMPA ganha Prêmio Gutierrez

A doutora pelo IMPA Emily Quesada-Herrera é a primeira mulher trans a conquistar o Prêmio Gutierrez de Melhor Tese em Matemática. A premiação reconhece anualmente a melhor tese de doutorado na área de matemática defendida no Brasil no ano anterior. A iniciativa é do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em parceria com a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

Pela conquista, Emily receberá um certificado e R$ 3 mil. Ela também irá ministrar uma palestra durante a cerimônia de premiação, que será realizada em 25 de setembro, às 14 horas, no auditório Fernão Stella Rodrigues Germano do ICMC, em São Carlos (SP).

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Com a tese de doutorado On uncertainty principles,Fourier optimization and the Riemann zeta-function, Emily constrói pontes entre duas áreas de matemática: teoria dos números e análise harmônica. Na palestra, ela também explicará os principais resultados apresentados na tese, que explorou diferentes técnicas matemáticas e originou a publicação de cinco artigos científicos. 

Emily é da Costa Rica e saiu de seu país de origem aos 21 anos para realizar o sonho de se tornar pesquisadora em matemática no Rio de Janeiro. Atualmente ela faz pós-doutorado na Áustria e voltará ao Brasil para receber o prêmio. Para a doutora, o prêmio também é uma oportunidade para dar visibilidade às causas que ela luta. 

“Tive muitas oportunidades que são sistematicamente roubadas da maioria das pessoas trans na América Latina, começando por coisas básicas como educação, mesmo isso vindo com o preço de esconder minha identidade por anos.”

A costarriquenha conta que  a transição de gênero foi um processo difícil, mas que contou com uma rede de apoio, como o pesquisador do IMPA Emanuel Carneiro, ex-orientador no doutorado e no mestrado; da família, que mora em San José, capital da Costa Rica; e dos colegas da Áustria, onde vive desde o ano passado.

“Houve muitas dificuldades no meu processo. Mas também, por outro lado, quero reconhecer que ainda tive privilégios. Tem experiências trans distintas da minha, por interseções de diversas identidades além de gênero, como raça, deficiência, condições econômicas, que frequentemente são também ignoradas.”

Ela ainda defende que é necessário lutar socialmente por melhores condições. “Me beneficiei das lutas coletivas de pessoas antes de mim, como o direito a meu nome, algo que muitas pessoas na América Latina ainda não têm.”

*Com informações da Assessoria de Comunicação do ICMC/USP.

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