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13/09/2023

Em coluna na Folha, Viana conta história de Sofia Kovalevski

Foto: Wikimedia

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

A origem do seu gosto pela matemática é a mais inusitada e fortuita que conheço: quando era adolescente, as paredes do seu quarto estiveram por um tempo cobertas com páginas do livro de cálculo de Ostrogradsky que seu pai usara na escola. Nelas, a jovem Sofia (1850–1891) aprendeu os rudimentos de derivação e integração.

Mas a Rússia do século 19 não oferecia às mulheres espaço para uma educação científica, e a família não via com bons olhos as ideias de Sofia e seus amigos sobre emancipação feminina. Então tomou o único caminho disponível: aos 18 anos, contraiu casamento de fachada com o jovem paleontologista Vladimir Kovalevski. No ano seguinte, viajaram para Heidelberg, onde ele estudou geologia e ela teve aulas com cientistas como G. Kirchoff e H. von Helmholtz.

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Em 1871, quando Vladimir foi fazer o doutorado em Jena, Sofia mudou-se para Berlim, onde, durante quatro anos, estudou sob a orientação do maior matemático do seu tempo: Karl Weierstrass. Nesse período, escreveu três excelentes trabalhos científicos, que formaram a sua tese de doutorado, a primeira defendida por uma mulher.

O seu resultado mais importante, conhecido como teorema de Cauchy–Kovalevski (o francês A. Cauchy provou um caso particular, Kovalevski obteve o caso geral), é até hoje uma pedra fundamental da teoria das equações diferenciais.

Apesar do doutoramento, e das enfáticas cartas de apoio de Weierstrass, Sofia não conseguiu obter emprego em nenhum lugar da Europa. Em 1874, reuniu-se com Vladimir na Rússia e, não sabemos bem por quê, começaram a viver como um casal de fato. A sua única filha, Fufa, nasceu em 1878.

No entanto, Vladimir também não conseguiu emprego na universidade, devido a suas ideias políticas radicais, e, ingênuo, acabou se envolvendo em negócios arriscados. Em 1883, arruinado e sob risco de ser processado por fraude, cometeu suicídio.

Nesse mesmo ano, com a ajuda do matemático sueco G. Mittag-Leffler, Sofia finalmente conseguiu uma posição de professora universitária, em Estocolmo, onde fez algumas de suas pesquisas mais importantes.

Em 1888, ganhou o Prêmio Bordin, da Academia de Ciências da França, com o artigo “A rotação de um corpo sólido”: os avaliadores ficaram tão impressionados com o trabalho dela que aumentaram o valor do prêmio de 3.000 para 5.000 francos!

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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