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29/08/2018

Sete ouros na OBMEP, Luize criou o Matemática para Garotas

Reprodução do Extra

Reportagem: Pedro Zuazo

Luíze Mello D’Urso sempre gostou de resolver problemas. Ao ingressar na graduação em Matemática, espantou-se ao notar que a turma de 30 alunos contava com apenas duas meninas. A equação não fechava na cabeça dela. Afinal, desde o 6º ano do ensino médio, a jovem acumula medalhas em competições como a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Aos 22 anos, já formada, ela decidiu agir para mostrar que os números não são só coisa de meninos: criou o projeto Matemática para Garotas. São 25 alunas que se reúnem aos sábados, em uma sala cedida pela PUC-Rio, na Gávea. As aulas são gratuitas. Durante quatro horas de estudo, elas se debruçam sobre desafios de lógica.

— Os problemas não preferem homens ou mulheres. Mas percebi que tem pouco incentivo para as meninas nessa área e, consequentemente, há poucas meninas participando das olimpíadas. Resolvi ajudá-las a perceber que podem ir tão bem quanto os meninos nessas competições — afirma Luíze, que faturou o bronze na International Mathematics Competition 2017 (IMC), a mais importante olimpíada mundial de matemática para universitários, no ano passado, na Bulgária.

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O projeto é voltado para estudantes dos ensinos fundamental e médio, tanto da rede pública quanto da privada. Além de Luíze, voluntárias ajudam a preparar o grupo para participar de olimpíadas regionais, nacionais e internacionais. As aulas são direcionadas a testes específicos, que envolvem lógica e questões de dificuldade acima da média que precisam ser resolvidas rapidamente, usando principalmente o raciocínio.

— Além de preparar para as competições, temos a proposta de desmistificar a disciplina. Através da lógica, você descobre que matemática não é só fazer conta. É uma forma de abrir a mente e descobrir várias coisas interessantes que podem ser aplicadas no dia a dia. Sem contar que a turma desenvolve laços afetivos, o que torna o estudo prazeroso — diz Luíze.

Sete ouros na OBMEP

A paixão de Luíze pela matemática surgiu aos 11 anos, quando ela estudava para ingressar no Colégio Militar. O incentivo veio da mãe, que é formada em direito e costuma usar a lógica em suas decisões.

— Apesar de ser formada em direito, minha mãe sempre deu importância ao raciocínio lógico. E foi ela que começou a me ensinar a matéria de uma forma que eu nunca tinha visto — conta Luíze, que não imaginava enveredar profissionalmente por essa área: — Sempre fui uma aluna mediana em matemática, daquelas que ficavam perto da recuperação.

Mas há dez anos, ela encara competições. Só na Olimpíada Brasileira de Matemática para Escolas Públicas (OBMEP), foram sete ouros. O único cálculo que ela não consegue fazer é o de quantas olimpíadas já participou.

— Perdi as contas.

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