Matemático colombiano Daniel Marroquín se adapta ao Rio
Daniel Rodríguez Marroquín é um matemático colombiano que se instalou no Rio de Janeiro e não pretende mais sair daqui. Jogava futebol com amigos antes de uma tendinite interromper sua carreira de craque. Rema no mar da Urca. Casou com a niteroiense Betina e é pai do carioquinha Nicolas, de 1 ano e 3 meses. Frequenta o Maracanã, sempre nos jogos do Fluminense, seu time de coração. E atua no IMPA, onde acaba de concluir um pós-doutorado.
Aos 29 anos, recém-aprovado em concurso público, Marroquín se prepara para assumir o cargo de professor no Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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“Penso em ficar no Rio. A proximidade com a Colômbia é conveniente, pois recebo a visita dos meus pais. Além disso, a aprovação no concurso da UFRJ me garante estabilidade e tranquilidade, o que é muito importante. Logicamente, o Instituto de Matemática da UFRJ é um ótimo centro de pesquisas, uma instituição de primeiro nível, o que muito me entusiasma”, afirma.
Filho dos engenheiros químicos Edgar e Patrícia, Marroquín nasceu em Bogotá, capital da Colômbia. Ele considera que o gosto pela Matemática surgiu ainda criança, sob a influência direta dos pais.
“Na minha casa sempre houve o estímulo para a busca do conhecimento. Mas nunca a imposição de seguir uma determinada carreira. Um de meus irmãos é geólogo. O outro dedica-se à literatura. Eu sou matemático. Meus pais nunca impuseram nada a nenhum de nós”, conta.
A escolha de seguir a carreira matemática aconteceu às vésperas do ingresso no Ensino Superior colombiano. Até então, pensava em cursar engenharia. Ao verificar a lista de cursos na Universidade Nacional da Colômbia notou que havia a opção de fazer Matemática.
Como sempre gostou da disciplina no colégio, e era um aluno com desempenho muito bom, escolheu o curso de Matemática.
“Sinceramente, não sabia que era possível fazer uma faculdade de Matemática. Ao ingressar no curso, também não sabia o que poderia vir a ser como matemático. Descobri no caminho, ao longo dos quatro anos e meio da graduação”, diz.
A admiração pela Matemática veio ainda criança. Marroquín rememora toda a trajetória escolar, desde os 5 anos até o início do período universitário.
“Estudei em uma escola [o colégio Refous, na periferia de Bogotá] que apresentava um programa diferente de Matemática, mais analítica, mais abstrata. As pessoas até reclamavam, mas eu sempre gostei. Muitos amigos da escola também acabaram fazendo Matemática ou engenharia”, afirmou.
A vinda ao Brasil decorreu da indicação do professor Leonardo Rendón, da Universidade Nacional da Colômbia. Orientador de Marroquín no projeto de conclusão do curso de graduação, Rendón havia concluído o doutorado na UFRJ, sob a orientação do matemático Hermano Frid, hoje pesquisador titular do IMPA.
Após o contato entre Rendón e Frid, o recém-formado matemático veio cursar o mestrado no IMPA, em 2012. Mais uma vez, Frid atuou na orientação da tese de um profissional da Matemática colombiana.
“Gosto muito do Brasil, país que é sempre uma referência [para os estudantes latino-americanos], pois tem muitos cursos e ótimos pesquisadores. Além disso, há aqui mais apoio do que na Colômbia, onde é difícil arrumar bolsas”, explica.
No IMPA, Marroquín cursou o mestrado até 2014, quando ingressou no doutorado, concluído em 2017. Durante o doutorado visitou em Atlanta (EUA) o Georgia Institute of Technology (Georgia Tech), centro de pesquisas que é referência mundial em engenharia, computação e ciências.
“Tínhamos no IMPA um projeto de pesquisa com um professor do Georgia Tech. O resultado deste trabalho constou da tese de doutorado apresentada ao IMPA”, relembra.
A volta à Colômbia foi bem curta. No início de 2018 já estava de novo no IMPA, para o pós-doutorado, terminado no fim de junho deste ano.
A principal área de especialização de Marroquín é a de equações diferenciais parciais. Em particular, ele tem, nos últimos anos, estudado um sistema de equações que modela a interação entre duas ondas de diferentes escalas: uma onda “curta” e uma “longa”.
O fenômeno em questão é similar ao das auroras polares, onde uma onda curta se propaga ao longo das linhas de corrente de um gás. No caso, o sistema consiste em um acoplamento entre as equações da dinâmica dos fluidos e uma equação de Schrödinger não linear. “Estudamos questões como existência, unicidade e regularidade de soluções em diferentes regimes”, relata.
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