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21/05/2019

Karen Uhlenbeck recebe Abel Prize em cerimônia em Oslo

O Abel Prize, uma das mais importantes honrarias da Matemática, foi entregue, pela primeira vez, a uma mulher. A norte-americana Karen Keskulla Uhlenbeck, de 76 anos, professora emérita da Universidade do Texas em Austin e pesquisadora sênior visitante da Universidade Princeton e do Instituto para Estudos Avançados (IAS), recebeu a premiação do rei da Noruega, Harald 5º, nesta terça-feira (21).

“Matemática Pura é uma disciplina magnífica e me sinto muito privilegiada não apenas por ser uma pesquisadora matemática, mas por apreciar a experiência e, agora, ser premiada por isso”, disse Uhlenbeck durante discurso na cerimônia de premiação, que ocorreu na University Aula, em Oslo.

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Uhlenbeck foi reconhecida pelas “conquistas pioneiras em equações diferenciais parciais, teoria de calibre e sistemas integrativos e pelo impacto fundamental de seu trabalho em análise, geometria e física matemática”, informa o texto da premiação. Ela recebeu US$ 700 mil pela premiação.

Escolhida por cinco matemáticos renomados internacionalmente, Uhlenbeck deu contribuições fundamentais à compreensão de superfícies mínimas, como as complexas formas das bolhas de sabão.

“Karen Uhlenbeck recebe o Abel Prize 2019 em reconhecimento ao trabalho fundamental em análise geométrica e teoria de calibre, que mudou dramaticamente o cenário da Matemática. As teorias que ela desenvolveu revolucionaram nosso entendimento das superfícies mínimas, como as formadas por bolhas de sabão, e outros problemas de minimização em dimensões mais altas”, declarou Hans Munthe-Kaas, chefe do comitê julgador.

Uhlenbeck também ajudou a alicerçar uma base matemática em técnicas usadas por físicos na teoria quântica de campos para descrever interações entre partículas e forças. O trabalho da norte-americana possibilitou a criação de um novo campo de pesquisa, a análise geométrica.

Criado em 2002, no aniversário de nascimento do matemático norueguês Niels Henrik Abel (1802-1829), o Abel Prize é um reconhecimento da Academia Norueguesa de Ciências e Letras, em nome do Ministério da Educação e Pesquisa da Noruega, aos matemáticos que deram contribuições de extraordinária profundidade e influência à área.

Defesa da igualdade de gênero na Matemática

Além de destacar o trabalho da pesquisadora, a Academia Norueguesa de Ciências ressaltou que ela é um modelo na defesa pela igualdade de gênero na Ciência e na Matemática. Para conquistar o Abel Prize, Uhlenbeck precisou, fora a pesquisa de excelência desenvolvida nestes últimos 40 anos, de muita persistência para se sobressair em um ambiente predominantemente masculino. 

Em 1990, o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, acompanhou a palestra plenária de Uhlenbeck no Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), em Kyoto (Japão). Na ocasião, ela repetia um feito de Emmy Noether, que, 60 anos antes, recebera pela primeira vez a distinção. 

Uhlenbeck é uma das fundadoras do The Women and Mathematics Program, criado na década de 1990 para recrutar mulheres em pesquisa matemáticas em todas as fases da carreira. Ajudou, ainda, a fundar o Park City Mathematics Institute, que forma jovens pesquisadores e promove a compreensão mútua dos interesses e desafios da área.

Eleita para a Academia Americana de Artes e Ciências (1985), membro da Academia Nacional de Ciências (1986), Medalha Nacional da Ciência (2000), Prêmio Steele (2007) e membro da Sociedade Americana de Matemática (2012), Uhlenbeck recebeu, em 1983, a MacArthur Fellowship.

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