IMPA Portas Abertas recebe alunos de escolas do Rio
“Meu sonho era conhecer e futuramente estudar no IMPA, então estar aqui hoje é sensacional.” Foi assim que o estudante Wendel Boy, 16 anos, descreveu sua participação, nesta quarta-feira (20), no IMPA Portas Abertas. A segunda edição do evento deste ano contou com mais de 300 alunos, professores de escolas públicas e privadas e visitantes.
Os participantes estiveram na sede do IMPA, no Jardim Botânico, para uma programação com palestras, atividades e exposição sobre a matemática Maryam Mirzakhani, primeira mulher a conquistar a Medalha Fields. O objetivo do projeto é aproximar o público do instituto e criar oportunidades de vivenciar experiências diferentes na matemática.
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Para abrir o evento, o cientista de projetos Lucas Nissenbaum apresentou a palestra “Que filme assistir agora?” e mostrou aos alunos como a matemática também está aplicada no cotidiano, até na hora de escolher um filme ou série para assistir. Em sua apresentação, ele explicou como o aprendizado de máquinas pode ser usado para recomendar filmes.
“Um dos nossos principais papéis é a disseminação da matemática e poder contar o que temos feito é muito interessante. A recomendação de um filme não é um problema intrinsecamente matemático, mas pode ser resolvido de forma matemática. Apresentar aos alunos, falar sobre algoritmos e mostrar que o conteúdo que eles aprendem em sala de aula tem aplicação é muito bacana”, destacou Nissenbaum.
Já o pós-doutor do Laboratório de Dinâmica de Fluidos do IMPA Marlon López apresentou a palestra “Erupções solares: alguns fatos interessantes sobre seus efeitos na Terra”. López mostrou aos visitantes como esses fenômenos também podem ser explicados através de equações matemáticas. O tema também foi apresentado pelo pós-doutor, na terça-feira (19), em uma palestra na Universidade Autónoma de Ciudad Juárez (UACJ), no México.
“Estamos vendo mudanças climáticas, temperaturas que aumentam e não colocamos em contexto que podem existir fenômenos que afetam essas questões climáticas. Por conta disso, acho interessante colocar esse tema para os alunos. Claro, para crianças é mais fácil trazer o assunto com imagens dos fenômenos e simulações do que simplesmente trazer equações. Por isso, fiz uma contextualização e depois expliquei a questão matemática”, contou Marlon.
Valéria Mendes, professora de matemática de Wendel Boy, no colégio Firjan SESI São Gonçalo, contou que eles têm o grupo “Somos Math”, de alunos que gostam de matemática e buscam conteúdo de alto rendimento.
“No nosso grupo, fazemos encontros uma vez por semana e trabalhamos com atividades matemáticas, como provas da OBMEP, do ITA. Com isso, também pensamos em trazer os alunos para visitar o IMPA. O Wendel [Boy] foi um dos que mais amou a ideia. Todos eles vieram para cá muito animados para conhecer o instituto.”
Além das palestras, o evento também contou com uma apresentação sobre robótica, pelo pós-doutor do IMPA Fábio Suim, do Visgraf (Laboratório de Computação Gráfica do IMPA) e oficinas conduzidas pelos professores Katia Machinez, Wanderley Moura e Letícia Rangel. As integrantes do projeto Meninas Olímpicas do IMPA (MOI), que busca estimular a participação de meninas no campo das exatas para aumentar a presença feminina em áreas como matemática, física e computação, também apresentaram algumas oficinas.
Para a estudante Beatriz Salgado, 15 anos, também do colégio Firjan SESI São Gonçalo, as oficinas a ajudaram a desenvolver o raciocínio lógico. “É algo que te faz pensar fora da caixinha. As palestras também foram ótimas. Aprendi muito aqui e acho que poderia usar esses conhecimentos nas feiras de ciências do meu colégio”.
A professora de matemática da Escola Municipal Ceará Maria Isabel Afonso foi uma das incentivadoras a trazer os seus estudantes para conhecer o instituto. Ela destacou que ensinar matemática em sala de aula é um desafio. “Na sala de aula, ficamos muito engessados, com um limite espacial. Poder trazer os alunos para um outro ambiente, ainda mais para o IMPA, que quem é da área, sabe que é o lugar. Trazer os alunos e fazê-los brincar com a matemática é um luxo, principalmente porque enriquece o conhecimento”.
Um dos alunos da escola municipal, Luiz Henrique, de 13 anos, contou que durante o evento descobriu sobre robótica e agora até pensa em seguir na área no futuro. “É a minha primeira vez no IMPA e achei muito divertido porque tem bastante coisa para explorar e interagir. As palestras também foram muito legais, sem uma explicação muito presa e bem diferente do que aprendemos em sala de aula.”
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