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20/09/2023

Folha: As mulheres pioneiras na matemática brasileira

Foto: Wikimedia

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Contei aqui histórias inspiradas no livro “101 Mulheres Incríveis que Transformaram a Ciência”. Eu próprio desconhecia a maioria das cientistas retratadas e isso me fez perceber como é premente devolver à contribuição feminina à ciência o seu devido valor.

Mas ninguém é perfeito, e “101 Mulheres” também tem falhas. A pior, a meu ver, é ter esquecido das cientistas brasileiras! Não consigo corrigir isso aqui, mas posso fazer um pouco de justiça às nossas pioneiras na matemática.

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O Brasil não tem uma, e sim três primeiras doutoras em matemática. Marília Chaves Peixoto, Maria Laura Mouzinho Leite Lopes e Elza Furtado Gomide fizeram o doutoramento ao mesmo tempo, ao final dos anos 1940, e a ordem em que terminaram é detalhe menor. As doutoras negras vieram mais tarde: a primeira parece ter sido Eliza Maria Ferreira Veras da Silva, que defendeu a tese na França, em 1977, e é professora aposentada da Universidade Federal da Bahia. Para todas, é mais do que justo lembrar suas trajetórias e realizações.

Marília Chaves Peixoto nasceu em Santana do Livramento (RS), em 1921. Em 1943, ingressou na Escola de Engenharia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Lá conheceu Maurício Matos Peixoto, um dos fundadores do Impa, com quem casou em 1946, tendo um casal de filhos.

Logo os dois se tornaram professores da Escola de Engenharia, onde dirigiam o Gabinete de Mecânica e realizaram trabalhos de pesquisa conjuntos que lhes trouxeram reconhecimento internacional. Em 13 de setembro de 1949, Marília foi aprovada nas provas de livre docência, que davam equivalência ao doutoramento, com o trabalho de pesquisa original “Sobre desigualdades diferenciais de terceira ordem”.

As provas foram noticiadas no jornal, com a informação de que “o único candidato é o engenheiro Marília Chaves Peixoto”…

Após Madame Curie, ela foi a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Ciências, em 1951. Integrou por direito próprio a primeira delegação brasileira ao Congresso Internacional de Matemáticos, em 1950. Mas nos anais do congresso está listada como “esposa do prof. Peixoto”. Faleceu prematuramente, em 1961.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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