Navegar

19/01/2022

Futuro do IMPA é planejado com ‘otimismo e energia’, diz Viana

É com muito “otimismo e energia” que a direção e a comunidade do IMPA começam a desenhar os próximos passos do instituto, afirmou o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana. A declaração foi nesta terça-feira (18), durante a live “IMPA 70 anos: passado, presente e futuro”, que abre as comemorações do septuagenário da instituição, a ser completado em 15 de outubro deste ano. Além de Viana, participaram da conversa o diretor-adjunto do IMPA e coordenador-geral da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), Claudio Landim, e os pesquisadores Artur Avila e Carolina Araujo.

Viana falou da ideia que norteou a elaboração das ações comemorativas dos 70 anos do IMPA, que se iniciam neste mês e contam com conteúdos em diversos formatos. “Ao longo dos últimos anos, o instituto saiu das fronteiras da comunidade acadêmica e se tornou uma instituição reconhecida pela sociedade em geral. Isso devido, em boa parte, às nossas atividades e programas na área de educação básica, especialmente com a OBMEP”, explicou.

Leia mais: OBMEP divulga lista de premiados da 16ª edição
Émilie, a matemática revolucionária do século XVIII
Na Folha, Marcelo Viana fala do ‘Problema de Waring’

Desta forma, o aniversário do instituto tem o objetivo de alcançar um público amplo. “Temos consciência desta presença que o IMPA tem no universo das escolas e das famílias, por intermédio de suas atividades. Então as comemorações dos 70 anos são motivadas por um desejo de partilhar as festividades com a sociedade como um todo, e com todos aqueles impactados pelas atividades que desenvolvemos.”

Entre as principais contribuições do IMPA para a sociedade brasileira está o Colóquio Brasileiro de Matemática, realizado pelo instituto a cada dois anos desde 1957. Coordenadora da última edição do evento, realizada em agosto de 2021, Carolina apresentou um panorama da conferência, que classificou como “a reunião científica mais importante da comunidade matemática nacional”.

A pesquisadora, primeira brasileira a conquistar o Ramanujan Prize explicou que o formato do Colóquio sofreu mudanças ao longo dos anos, ganhando um aspecto mais científico, com a introdução de palestras plenárias a partir de 1991. “As plenárias são proferidas por grandes nomes da matemática internacional, e desde então, mais de 10 medalhistas Fields foram plenaristas nas edições do Colóquio”, frisou.

O pesquisador Artur Avila, primeiro latino-americano a conquistar a medalha Fields, maior honraria da matemática, deu um depoimento pessoal sobre sua relação com o IMPA, que começou a frequentar ainda na adolescência, aos 16 anos, por causa das cerimônias de premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM).  “Não sabia da existência de um instituto de matemática no Rio de Janeiro, nem que existiam pessoas que faziam matemática profissionalmente. Era um mundo totalmente abstrato que eu passei a descobrir.”

Avila, que à época foi convidado para fazer iniciação científica no IMPA, ressaltou que o caráter “humanizado” das relações entre pesquisadores e alunos logo o chamou atenção. “Senti uma abertura incrível da instituição. Tive contato com pessoas que me ajudaram muito.” Uma delas foi Elon Lages Lima (1929-2017), pesquisador que orientou Avila no começo dos estudos. “Ele, que era um grande divulgador e educador da matemática brasileira, pegava o tempo dele e de maneira muito amigável me recebia em sua sala, com disponibilidade. Foi realmente uma acolhida que não creio que poderia ter em outro lugar”, contou.

Uma das principais iniciativas do IMPA na educação básica, a OBMEP foi tema da apresentação de Landim, que falou sobre o sucesso da olimpíada, da qual participam anualmente cerca de 20 milhões de estudantes. “Uma característica constante da olimpíada é a tentativa de destacar alunos que tenham talentos. Você quer saber se a criança e o jovem são capazes de raciocinar, de ter um pouco de criatividade e raciocínio lógico. A ideia é conceber problemas que a resolução não exija conhecimento formal da matemática mas criatividade e imaginação”, explicou.

Os programas de iniciação científica oferecidos aos medalhistas trazem oportunidades extraordinárias para alunos de todo o Brasil, destacou o coordenador-geral da OBMEP. “Atualmente são mais de 7.000 medalhistas em todos os anos. O CNPq oferece a todos esses alunos uma bolsa de iniciação científica no valor de R$ 100,00. E o IMPA, com a ajuda de várias universidades federais, monta um programa de formação com mais de 200 centros espalhados pelo país, onde esses alunos são acolhidos e estimulados a prosseguirem seus estudos e explorarem o talento que têm”, explicou. 

A live está disponível na íntegra no YouTube do IMPA

Leia também: Agência Brasil destaca 70 anos do IMPA
Prolímpico tem inscrições abertas até 27 de janeiro