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08/05/2019

Filosofia e Ciência estão juntas desde a Antiguidade

Henri Poincaré em 1905. Fotografia: Coleção Hulton-Deutsch/Corbis

Reprodução da coluna de Marcelo Viana, na Folha de S.Paulo

Quando fiz o ensino médio, em Portugal ao final dos anos 1970, o currículo incluía duas disciplinas obrigatórias para todos: português e filosofia. Creio que ambas continuam obrigatórias por lá. Elas me abriram horizontes que talvez eu não tivesse alcançado de outra forma.

Uma dos meus temas favoritos era a filosofia da ciência. Foi assim que tomei conhecimento de Poincaré e suas ideias sobre a natureza do raciocínio matemático. A matemática é uma ciência notável porque ela é, ao mesmo tempo, dedutiva (rigorosa) e indutiva (criadora de conhecimento): todos os fatos são consequências lógicas de algumas afirmações fundamentais, chamadas axiomas, mas os teoremas, como o de Pitágoras, dizem coisas que vão muito além dos axiomas.

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Como isso é possível, de onde surge esse conhecimento?

Foi na aula de filosofia, e não de matemática, que ouvi falar pela primeira vez nos objetos maravilhosos que depois seriam chamados “fractais”. A palavra ainda não era conhecida: o livro “Geometria Fractal da Natureza” de Benoît Mandelbrot, que a criou e a popularizou, só foi publicado (em inglês) uns anos depois. Mas os fractais já assombravam matemáticos e filósofos desde o século 19.

 

Animação mostra formação de um floco de neve de Koch. Fonte: fractalnomics.com

Como não ficar fascinado com floco de neve de Koch, em que todo (!) ponto é uma “esquina” onde não existe reta tangente? Dez anos depois eu me tornara pesquisador, e a matemática dos fractais já era um de meus maiores interesses de pesquisa e é até hoje.

Como adquirimos conhecimento e o que podemos conhecer: a realidade objetiva ou uma mera representação subjetiva? As questões da epistemologia me ajudaram, anos depois, a entender melhor o significado da mecânica quântica.

As aulas me instigaram a ler mais sobre temas filosóficos, e assim conheci a excelente “História da Filosofia Ocidental” de Bertrand Russel, um dos livros mencionados quando ele ganhou o prêmio Nobel da Literatura em 1950.

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