Brasil sobe da 5ª divisão à elite da pesquisa matemática
Por decisão da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), a partir de ontem o nosso país integra o grupo das nações mais avançadas na pesquisa matemática: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido, Rússia e agora também o Brasil.
Sucesso de um projeto acalentado há algum tempo pelo Impa e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), esta promoção é também o culminar da trajetória única de nosso país no cenário mundial da matemática.
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O Brasil aderiu à IMU em 1954. O começo foi modesto: os países membros da IMU estão organizados em cinco grupos, segundo o grau de desenvolvimento de sua matemática, e o Brasil começou no grupo 1, o menos importante.
Diz muito do despreparo de nossa comunidade na época o fato de que não temos nenhum registro escrito da adesão: não sabemos como aconteceu, nem sequer quem tomou a iniciativa (perguntei aos arquivos da IMU, em Berlim, mas ainda não obtive resposta).
De lá para cá tudo mudou.
Grupos de pesquisa em diferentes temas da matemática foram criados e prosperam em todas as regiões do país, em universidades e institutos que também oferecem programas de pós-graduação mestrado e doutorado de padrão internacional: ninguém mais precisa sair do Brasil para alcançar formação matemática de alto nível.
Esta mudança está evidenciada de modo contundente nos dados sobre a produção científica realizada no país. O número de trabalhos de pesquisa de matemáticos brasileiros dobrou de 2006 para 2016, e quase decuplicou na comparação com 1986. Os números ficam ainda mais impressionantes quando comparamos com os totais mundiais: enquanto que em 2006 produzíamos 1,53% de toda a matemática mundial, em 2016 esse percentual já era 2,35% e com tendência claramente ascendente. Em 1986 éramos apenas 0,7% do mundo.
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