34º CBM reúne público recorde no IMPA
Com diversas plenárias, palestras de divulgação, cursos, sessões temáticas e mesas redondas, o 34º Colóquio Brasileiro de Matemática (CBM) reuniu mais de 1,1 mil pessoas no IMPA. O evento, que ocorreu entre 24 e 28 de julho, contou com o maior número de participantes presenciais desde a sua primeira edição em 1957.
Em uma caravana com mais 45 alunos, a estudante Rayssa de Oliveira veio de Belém (PA). O grupo demorou três dias para chegar ao Rio de Janeiro. Ela conta que participou do CBM pela primeira vez e avaliou que a viagem valeu a pena. “É difícil explicar como é estar no Colóquio porque quem é da área sabe que esse evento é o ápice. A comunidade e o evento estão incríveis”.
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A jovem também destaca que um dos pontos que mais chamou sua atenção foi a estrutura do IMPA. “Eu ainda não conhecia o instituto e fiquei impressionada. Engraçado que quando entramos no campus, já penso logo em estudar. Estar aqui dá vontade de estudar”.
Já a professora de matemática da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Sylvia Ferreira, que também esteve pela primeira vez no Colóquio, disse que se animou com a diversidade nos corredores do instituto. “Vemos que a matemática está mudando e evoluindo. Pude ver um número bem expressivo de alunas de graduação, pós-graduação e professoras. As temáticas das mesas também foram muito importantes”, disse a docente se referindo às discussões sobre a presença das mulheres na ciência e as perspectivas para jovens matemáticos.
Raphael Modesto, aluno de graduação de Matemática na Universidade Federal Fluminense (UFF), esteve no evento com foco nos cursos de Sistemas Dinâmicos. “Eu era da Física, mas assisti algumas aulas de matemática na graduação e fiquei encantado, fui incentivado por professores e agora estou fazendo licenciatura. É a minha primeira vez e a experiência é incrível. Quem sabe daqui alguns anos não venho fazer um mestrado no IMPA”.
Lugar de criança também é no Colóquio
A pesquisadora da Unesp Cintya Wink participou do Colóquio na companhia do filho Antônio, de um ano. Ela apresentou um pôster durante o evento e também participou das sessões temáticas. “Também sou mãe da Catarina, de cinco anos, e a trouxe para o Colóquio em 2019. Desde que me tornei mãe, tento não deixar de participar dos eventos, apesar do cansaço e das dificuldades. O Antônio gosta dos eventos, já está se acostumando”.
Evelin Heringer é pós-doutoranda na Universidade Nova Lisboa, em Portugal, e também veio acompanhada do filho, de dois meses, e do marido, Alex Krulikovski. Ela apresentou seu trabalho na sessão temática sobre Otimização. “É o primeiro evento da matemática dele e também é muito importante estar junto com a família. Fui convidada para participar e não quis deixar de participar porque sei que é muito importante para a minha carreira”.
Maior evento da matemática brasileira
O Colóquio Brasileiro de Matemática é a mais abrangente reunião científica da comunidade matemática brasileira. A 34ª edição ainda teve seis plenárias comandadas por pesquisadores de renome internacional.
Federico Ardila, da Universidade de São Francisco (EUA), abriu sua apresentação falando em português. Ele se apresentou como educador, músico e jogador de futebol. O pesquisador abordou a temática “The geometry of geometries: matroid theory, old and new”.
Laura DeMarco pesquisadora da Universidade de Harvard (EUA) participou do Colóquio em 1999 como ouvinte e contou que foi uma honra poder voltar como plenarista. Ela apresentou a palestra “Rigidity, uniformity, and the Mandelbrot set”.
Claudia Polini pesquisadora da University of Notre Dame (EUA) dedicou sua apresentação ao matemático brasileiro Wolmer Vasconcelos (1937-2021). A palestra dela foi sobre Blowup algebras.
Já Camilo De Lellis abordou “Area-minimizing integral currents: singularities and structure” em sua palestra. Ele mencionou que o livro ‘Geometria Diferencial de Curvas e Superfícies’, do pesquisador do IMPA Manfredo do Carmo (1928 – 2018), foi seu primeiro contato positivo com o tema.
Com o título “Dynamics of Smooth Chaotic Surface Diffeomorphisms”, o pesquisador israelense Omri Sarig, do Weizmann Institute of Science, lotou o auditório. Na abertura, ele agradeceu o convite e citou os matemáticos brasileiros que são seus amigos, como o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana.
O físico francês Bernard Derrida, pesquisador do Collège de France abordou a presença da equação em diversos fenômenos em sua palestra “The many faces of the Fisher-KPP equation”.
A edição deste ano contou ainda com palestras de divulgação, mesas redondas, apresentações de pôsteres e 23 sessões temáticas – número recorde na história do evento.
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