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10/10/2019

Visgraf participa de simpósio de música computacional

Turma no workshop de música procedural em jogos do Visgraf

Mesmo a centenas de quilômetros do mar, é impossível não ser dominado pela tensão ao escutar a faixa principal de John Williams no clássico filme “Tubarão”. A alternância crescente e apavorante de apenas duas notas musicais torna crível a possibilidade do predador estar ali mesmo, na sua sala de estar. Nos jogos, não é diferente. Uma trilha sonora dinâmica, que acompanha os momentos da partida, é capaz de manter o jogador completamente absorto. Mas como compor esta trilha quando os movimentos não podem ser previstos?

Com o objetivo de disseminar as ferramentas da música procedural em jogos, o Visgraf deu um workshop sobre o tema no 17ª Simpósio Brasileiro de Música Computacional (SBMC), realizado em São João del-Rei (MG), de 25 a 27 de setembro.

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Voltado para público de cientistas da computação, músicos, artistas e matemáticos, o evento busca divulgar os desenvolvimentos recentes nos campos da música computacional, processamento de som e música, recuperação de informações musicais, performance multimídia e outros assuntos relacionados à arte, ciência e tecnologia.

Durante o workshop do Visgraf no SBMC, os alunos de doutorado do IMPA Pedro Arthur Souza e José Eduardo Ayres ensinaram a turma a executar um jogo com música procedural na plataforma Chunity, que mistura os programas Chuck, que desenvolve músicas, com o Unity, que desenvolve jogos. Como o programa é recente e desconhecido para a maior parte das pessoas, Pedro e José optaram por criar um programa simples, de formas básicas, que pudesse ser executado com sucesso durante as quatro horas de curso.

“Em jogos normais, a mesma música toca durante toda a partida, e depois de um tempo começa a ficar chato. A ideia da música procedural é que ela passa a impressão de estar tocando infinitamente e você não percebe a repetição. Como é procedural, você controla a música. Se o jogo está numa parte mais alegre a música fica mais alegre, se está numa parte de mais suspense fica mais misteriosa, e por aí vai. A ideia é controlar o sentimento que a música vai passar”, explica Pedro.

Um exemplo disso está em um momento chave do jogo desenvolvido pelo Visgraf para o workshop, quando a bolinha sai do plano e o jogador perde a partida. “Queríamos usar a marcha fúnebre de Chopin, só que é uma música extremamente complicada de se tocar. Então mantivemos a base parecida na mão esquerda, simulando o piano, e na mão direita, que é extremamente complicada, fizemos totalmente procedural, usando as notas que ele usava. Trouxe a mesma sensação da música do Chopin, só que de uma forma completamente nova e diferente.” conta José Eduardo.

A aula está relacionada a outros projetos do Visgraf. O Graph Composer, selecionado para uma exibição da organização alemã Imaginary, é um deles. O projeto consiste em um aplicativo para a construção de composições musicais através de grafos. Em um grafo que modela a música, temos um grafo direcionado que representa uma sequência determinística ou estocástica de notas musicais. Os nós representam notas musicais enquanto as arestas representam a transição entre as notas. A música é tocada como um caminho ao longo do grafo: uma sequência de notas (ou acordes) tocadas com uma duração específica.

“No Graph Composer também utilizamos o Chunity, programa que foi executado durante o workshop do SBMC. Só que em uma estrutura muito mais complexa. A ideia é que tanto um leigo quanto um músico profissional possam brincar com a tela e executar um som agradável. O aplicativo é muito intuitivo, basta começar a experimentar para entender como ele opera”, disse Luiz Velho, pesquisador líder do Visgraf.

Ainda em exibição na Alemanha, o Graph Composer também foi levado para o simpósio, onde músicos, cientistas da computação e matemáticos puderam interagir com a tela. “Do ponto de vista da divulgação, foi bem interessante. Muitos alunos de computação dos primeiros períodos não entendem muito bem para que serve um grafo, qual é a aplicação daquilo. Então eles ficaram maravilhados. É sempre bom para quem está na graduação conseguir ver um pouco além daquilo que ele está fazendo.” revela José Eduardo.

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