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31/08/2018

Serrapilheira promove evento de divulgação científica no Rio

Explicar teorias complexas, experiências inovadoras ou pesquisas científicas de ponta de uma forma direta, simples e descomplicada. Esta é a tarefa dos divulgadores científicos que cada vez mais usam as redes sociais para aproximar temas difíceis do grande público.

Com o objetivo de aumentar o interesse das pessoas pela ciência, o Instituto Serrapilheira, que fomenta pesquisas científicas no Brasil, convidou quatro iniciativas estrangeiras de divulgação (Curiosity Machine, Perimeter Institute, MICRO e Science Vs.) para participar do Camp Serrapilheira de 4 a 7 de setembro.

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O primeiro dia do encontro é aberto ao público (para se inscrever clique aqui) que vai poder acompanhar, no auditório do Museu do Amanhã, palestras e debates. De 5 a 7 de setembro, 50 divulgadores brasileiros, selecionados pelo Serrapilheira, vão apresentar seus projetos e participar de workshops. Em uma segunda etapa, até 20 projetos serão escolhidos para receber até R$ 100 mil de financiamento.

A abertura do Camp no dia 4, às 10h, vai ser feita pelo professor Yurij Castelfranchi, diretor de Divulgação Científica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Logo depois, Greg Dick e Dave Fish, do Perimeter Institute, assumem o palco para apresentar o centro de pesquisa em física teórica do Canadá que tem dois pilares: ensinar de forma inovadora e divulgar ciência para o público. No Perimeter, os  professores são treinados a ensinar tópicos da física avançada usando conceitos do ensino médio; alunos aprendem física por meio de desafios, jogos e vídeos. O público, por sua vez, participa de eventos científicos e culturais.

O diretor de divulgação científica do Perimeter Institute, Greg Dick

O instituto começou promovendo palestras públicas e festivais de ciência. A seguir, voltou-se a alunos e professores. “Vimos que, para ter um impacto real e de longo prazo, precisávamos trabalhar com eles”, explica o diretor de Divulgação Científica do Perimeter Greg Dick. A atuação vem sendo bem-sucedida. “Um estudo da Reuters mostrou que o Canadá ficou em primeiro lugar no ranking de contribuição à física teórica. Quando excluímos as contribuições do Perimeter, o país caiu para a quarta posição”, afirma Dick.

A segunda palestra do dia é com Tara Chklovski e Rusty Nye do Curiosity Machine, uma plataforma online gratuita de aprendizado científico dos EUA dirigida a crianças e suas famílias. Cerca de 100 desafios em diversas áreas de disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) estão disponíveis. Todos são acompanhados de vídeos, para orientar os usuários. “É um programa que inspira estudantes, famílias, professores e profissionais a resolver problemas de ciências e engenharia em conjunto por meio de atividades práticas”, diz Rusty Nye, diretor de desenvolvimento de currículo da Curiosity Machine.

“Procuramos ter desafios de complexidades diferentes e que usam materiais do dia a dia, baratos e fáceis de serem encontrados, porque queremos atingir pessoas de todas as comunidades”, afirma Nye. “Não queremos que os instrumentos sejam um fator limitador.”

Engenheira aeroespacial Tara Chklovski, da Curiosity Machine

Depois das palestras, os representantes do Perimeter Institute e do Curiosity Machine participarão de um debate. A partir de 14h30, vão ser realizadas as apresentações do MICRO, com Amanda Schochett e Charles Philipp, e do Science Vs, com Kaitlyn Sawrey, e o debate entre eles.

A ideia do MICRO é condensar, em uma espécie de totem de menos de 2 metros de altura, informações sobre assuntos científicos variados. Atualmente, os museus portáteis exploram dois temas. O Smallest Mollusk Museum fala sobre lesmas, caramujos e outros moluscos. Já o Perpetual Motion Museum aborda o movimento contínuo, passeando pela termodinâmica, geração de energia e outros tópicos da física.

Com os minimuseus, os criadores do MICRO, a cientista Amanda Schochett e o designer Charles Philipp, buscam levar a ciência para perto das pessoas, de rodoviárias a hotéis. Não por acaso, a ideia surgiu em um hospital. “Nós estávamos presos em uma sala de espera, ansiosos, frustrados e entediados”, conta Philipp. “Eu folheava revistas antigas e as notícias passavam na TV. Pensamos que deveria haver uma maneira melhor de envolver as pessoas em espaços de passagem.”

O projeto começou a ser desenvolvido por diversão, em displays do tamanho de uma caixa de sapatos, que o casal compartilhou com amigos. Então, decidiram levar a ideia a sério. “Queríamos combinar nossas habilidades para construir um museu de ciências que todos pudessem entender e se envolver”, afirma Philipp. 

Os fundadores do MICRO, Amanda Schochet e Charles Philipp

A última palestra do dia é de Kaitlyn Sawrey criadora do podcast Science Vs, que se propõe a investigar o que é verdade e o que é mito em temas nos quais as pessoas costumam ter opiniões formadas, muitas vezes, sem embasamento.  “Não falamos exatamente sobre fake news, mas exploramos assuntos nos quais as pessoas têm opiniões, não necessariamente verdadeiras”, explica Kaitlyn. “Por exemplo, nos Estados Unidos, a sociedade tem posições fortes sobre controle de armas, mas o que a ciência diz?”

A checagem de informações para o programa é intensa. A produção de um único episódio leva em torno de dois meses. Alguns contam com mais de 100 citações de referências buscadas. “Levamos fatos muito a sério”, afirma Kaitlyn.

A produtora executiva do Science Vs., Kaitlyn Sawrey

O debate entre os criadores do MICRO e do Science Vs. fecha o primeiro dia de atividades do Camp Serrapilheira que é aberto ao público. A partir da quarta-feira, dia 5, o evento é fechado. Haverá workshops para divulgadores brasileiros selecionados anteriormente.

Camp Serrapilheira

Data: 4 de setembro de 2018, a partir das 10h – evento público

5 a 7 de setembro – evento fechado para os candidatos selecionados

Local: Auditório do Museu do Amanhã – Praça Mauá, 1 – Centro, Rio de Janeiro/ RJ

Inscrições: https://serrapilheira.org/camp/

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