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18/08/2022

Ricardo Freire realiza sonho de infância e defende tese no IMPA

Embora fosse apaixonado por futebol, quando tinha oito anos, ao ser perguntado pelo pai sobre que profissão gostaria de seguir, Ricardo Carlos Freire não respondeu “jogador”, mas, sim, “matemático”. O pequeno craque explicou que adorava resolver problemas, mas queria algo além de dar aulas. Seu pai montou, então, em uma pasta vermelha, uma espécie de “dossiê do IMPA”, e disse que ali era o lugar onde o sonho poderia ser realizado. Deu certo. Na próxima terça-feira (23), Freire vai defender a tese “Decaimento local de energia  e propagação de regularidade para modelos dispersivos” na instituição, às 14h, na sala 232. A apresentação pode ser acompanhada pelo YouTube do IMPA.

“Eu sempre mantive minhas opções em aberto, mas parece que estava destinado a isso acontecer”, afirmou o aluno do IMPA. A proposta do trabalho, sob orientação do professor Felipe Linares, é investigar várias questões acerca dos problemas de valores iniciais associados (PVI) relacionados a famílias gerais de equações dispersivas não lineares. 

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Freire explica que sua tese aborda dois pontos. No primeiro, “a partir de um fenômeno da natureza, localiza-se uma certa propriedade, que é a regularidade”. Se essa regularidade for identificada no seu dado inicial, em um determinado local do espaço, é possível prever como essa propriedade local vai se propagar para a solução do problema. Na segunda parte, o matemático busca dar “um pequeno passo” para comprovar a conjectura de que “a massa de nossa solução vai sempre estar próxima da massa das ondas solitárias”. 

Formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Freire afirma que foi no mestrado, com dissertação em teoria geométrica da medida, concluído na mesma instituição, que começou a entender o que gostaria de estudar. “Usei a faculdade para montar uma base, conhecer todas as áreas. É difícil escolher, porque a matemática é gigantesca”, diz. 

À época, ele afirma que decidiu se aprofundar na área de análise e, dentro dela, equações diferenciais parciais. “Sempre gostei de entender os fenômenos da natureza, compreender por que eles acontecem e fazer essa ponte com a matemática. E aí casou perfeitamente com a escolha do meu orientador, que estuda esse tema”.

Sobre o futuro, Freire conta que já está buscando pós-doutorados. Afinal, para ele, a matemática é como Hércules enfrentando a Hidra, deusa da mitologia grega com corpo de dragão e várias cabeças de serpente: “Cada vez que se corta uma cabeça, resolve um problema, aparecem dez. Então, com os problemas concluídos na tese, é seguir cortando mais e mais cabeças e gerando mais soluções”. 

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