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11/03/2019

Pela Matemática, Argenis García se aproximou do mar

 

Nascido em Altagracia de Orituco, região central da Venezuela, o mar sempre foi algo distante para Argenis José Méndez García. Para chegar ao litoral, precisava vencer quase três horas de estrada, de ônibus ou carro. Até que a Matemática entrou na vida dele.

Na tese “Sobre a propagação da regularidade em alguns modelos dispersivos não locais”, que ele defende às 15h30 desta terça-feira (12), na sala 232 do IMPA, de alguma forma, ele se aproximou do mar. E não só porque, após a graduação e o mestrado, decidiu vir morar no Rio de Janeiro.

“Para entender o que estudei no IMPA  basta passear pela orla do Rio e observar as ondas. Minha tese tem como objetivo analisar o ritmo e a propagação delas”, diz García, ao explicar, a leigos, do que trata a pesquisa.

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Em linguagem para os matemáticos, García estudou algumas propriedades de propagação de regularidade de soluções associadas a modelos dispersivos não locais, com orientação de Felipe Linares. 

O primeiro modelo corresponde à equação dispersiva generalizada Benjamin-Ono (DGBO),  que pode ser observada como a interpolação dispersiva entre a equação de Benjamin-Ono (BO) e a equação de Korteweg-de Vries (KdV). Ele também analisou a equação fracionária de KdV, a qual, diferentemente da DGBO, pode ser interpretada como uma perturbação dispersiva da equação de Burger.

Filho de uma professora graduada em Educação pela Universidad Central da Venezuela (UCV) e de um militar da Marinha de Guerra, formado em Administração, ambos já aposentados, García conta que sempre gostou de estudar. Mas a Matemática não era a sua disciplina favorita. 

“Gostava mais de História e, com ela, compreender  melhor as culturas do mundo”, confessa, acrescentando que o avó, um espanhol de quem herdou o José no nome, foi o responsável por fazê-lo “despertar para o universo de (matemático e filósofo francês René) Descartes”. “Conseguia entender  e visualizar como o estudo dos números  se apresentavam na minha rotina, diante dos meus olhos”, recorda.

Como a mãe, García se formou na UCV, em Matemática. Fez mestrado na instituição e sonhava viver no exterior.  Após estudar probabilidade, análise convexa e teoria de operadoras, descobriu as equações dispersivas durante curso de verão na cidade de Mérida. Soube, então, pelo professor Juan Guevara, da área de equações diferenciais parciais, que o IMPA é referência internacional no tema. 

“Nem perdi tempo. Apliquei logo para o doutorado”, recorda, contando que, aqui, conheceu o Carnaval e as belezas naturais da cidade.

Doutorado finalizado, ele mira no pós-doc. Diz que Felipe Linares foi determinante na trajetória que está prestes a concluir.

“Posso dizer que o meu orientador foi peça fundamental desde o primeiro contato, quando ainda estava na Venezuela. Graças a ele e sua orientação, consegui começar a estudar o mundo da análise harmônica e as equações diferenciais parciais.”

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