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21/06/2021

No Livro Histórias Inspiradoras da OBMEP: Victor Bicalho

Doutorando da Universidade Técnica de Berlim (Technische Universität Berlin), polo de excelência nos ensinamentos de engenharia e das ciências exatas na Alemanha, o mineiro Victor Bicalho Civinelli de Almeida, de 25 anos, avalia que as três bolsas de iniciação científica no período entre 2008 e 2016, frutos do desempenho na Obmep, foram fundamentais para sua vida acadêmica e profissional.

“O contato desde cedo com conteúdos avançados e pessoas interessadas no desenvolvimento dos estudantes foi de grande valia em minha trajetória acadêmica”, disse o engenheiro mecânico, formado pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), com passagem pela UFSJ (Universidade Federal de São João Del-Rey) em curso de iniciação científica, sobre sua participação no Picme.

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Na análise de Bicalho, como é mais conhecido entre os amigos de faculdade, as bolsas de iniciação científica “introduzem o aluno a conceitos muitas vezes relegados a segundo plano em cursos de engenharia”. “Considero o Picme um excelente programa, e fico feliz em ver iniciativas como essa em prol do avanço da educação básica e avançada no país”, afirma ele.

Durante a graduação na Federal de Juiz de Fora (município na Zona da Mata de Minas Gerais), Bicalho foi bolsista da prestigiosa Brown University, no Estado de Rhode Island (EUA), de 2013 a 2014. Na universidade norte-americana, estudou e trabalhou em parceria com representantes da indústria local no desenvolvimento de algoritmo de CFD (fluidodinâmica computacional, na sigla em inglês) para modelagem de fluxo de turbulências.

Bem antes disso, a participação do então estudante em Obmeps rendeu-lhe duas menções honrosas e uma medalha de bronze, entre 2005 e 2007. “Recebi também uma prata na Olimpíada Mineira de Matemática. Com certeza, a Obmep abre novos horizontes para estudantes, mesmo de áreas não relacionadas diretamente à Matemática. Para mim, não foi diferente. Muitos elementos
relativos a conteúdo e também intelectuais adquiridos nas atividades da Obmep abriram portas para outros conhecimentos posteriores”, relata.

Bicalho nasceu em Barbacena (MG), onde morou até ir para Juiz de Fora, preparar-se para o vestibular. Vivia em uma típica família de classe média: três irmãos, o pai, engenheiro civil, e a mãe, a psicóloga Maria Adélia de Almeida. “Apesar de não sermos de origem abastada, nunca passei dificuldades relativas a estudo, o que, para meus pais, sempre foi prioridade. Isso incluía a
administração dos recursos financeiros que eles tinham disponíveis à época. Aos 17 anos, mudei me para Juiz de Fora, a fim de cursar o terceiro ano do ensino médio e, em seguida, a universidade”, recorda.

O pai de Bicalho, apesar de engenheiro, acredita não ter servido de inspiração ao caçula. “Victor sempre foi muito estudioso. A Matemática surgiu muito naturalmente para ele. Era uma coisa própria, decorrente, imagino, da facilidade que tinha para o tema. Os irmãos também são muito inteligentes, mas Victor tem um QI acima da média”, conta Márcio Otávio de Almeida.

Na opinião do engenheiro civil, um dos motivos para a trajetória acadêmica de sucesso é a “firmeza de propósito muito grande” manifestada pelo filho desde criança. “Ele participou do intercâmbio nos Estados Unidos por iniciativa própria. Também, por iniciativa própria, foi cursar doutorado na Alemanha”, afirma Almeida, que define a infância do filho como “absolutamente normal”, “muito ligada a esportes” e música. Chegou a integrar coros e formar uma banda.

Bicalho confirma a impressão do pai sobre a origem de seu interesse pelas ciências exatas. “Sempre gostei de Matemática, não por ter professores excepcionais, foi mais por interesse
próprio. Apesar de meu pai ser engenheiro civil, Matemática não era a sua paixão. Então, não digo que tenha sido uma influência direta.”

Bicalho estudou em escola pública até o nono ano do Ensino Fundamental. No Médio, transferiu-se para uma escola particular em Barbacena. No último ano, já em Juiz de Fora, estudou na instituição Cave, particular. No cursinho, conheceu Ciro Sobrinho Campolina Martins, amigo até hoje. Os dois estudavam para o vestibular da UFJF. Ambos foram aprovados para cursar engenharia mecânica.

“Conheço Bicalho desde 2010. Fizemos toda a graduação juntos. Desde essa época ele era excelente aluno. É uma pessoa muito inteligente e que sabe usar essa inteligência. Aprende muito rapidamente e escolhe o que quer aprender”, conta Ciro, para quem a amizade com Bicalho intensificou-se quando se interessaram pela mesma área de estudos, a dinâmica de fluidos, e traçaram um futuro acadêmico para suas carreiras. Aos 23 anos, Ciro cursa mestrado no IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), no Rio. “Não era só a questão da amizade pré-faculdade. No meio do curso de engenharia
mecânica, nossos interesses tornaram-se comuns. Até hoje discutimos pesquisas, experiências.”

*Texto retirado do livro “Histórias Inspiradoras da OBMEP

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