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07/06/2021

No Livro Histórias Inspiradoras da OBMEP: Acássio Roque


Perguntado sobre quais eram as brincadeiras preferidas na infância, Acássio Matheus Roque, engenheiro elétrico graduado pela Universidade de São Paulo (USP), responde de imediato: “Matemática”. Para ele, a Matemática equivalia ao futebol, ao vôlei e às atividades de lazer típicas na infância e adolescência.

“Matemática era diversão. Não era estudo. Sempre foi algo constante, natural, em minha vida, Aos 7, 8 anos, já fazia contas mais rapidamente do que as outras pessoas, até mesmo as mais velhas”, conta ele, medalhista da Obmep.

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Acássio nasceu e foi criado em Campos Gerais, cidade de vocação agrícola de cerca de 30 mil habitantes na região sul de Minas Gerais, em uma família de classe média-baixa – o pai, professor da rede estadual, a mãe dona de casa, um irmão mais velho e uma irmã mais nova.

O incentivo do pai, o professor de biologia Carlos Antônio Roque, foi fundamental no início de sua trajetória rumo às ciências exatas, explica Acássio. “Tudo começou em casa, com bastante incentivo paterno. A Matemática tornou-se, desde cedo, algo bastante natural. Sempre tive aptidão”, rememora.

Mas Acássio não era um aluno compenetrado, estudioso ao extremo. “Sempre fui bastante interessado. Mas nunca aquele aluno de estudar muito. Lia bastante. A Matemática foi, para mim, uma espécie de passatempo. Fazia questões de vestibulares como diversão”, afirma ele, que, aos 26 anos, foi aprovado no primeiro semestre deste ano em concurso público para a Amazul, estatal
vinculada à Marinha. Sua tarefa é desenvolver projetos tecnológicos da Força Naval.

As duas medalhas de bronze e as duas menções honrosas na Obmep proporcionaram-lhe bolsas de iniciação científica do Picme, citadas por Acássio como fundamentais no processo de avanço acadêmico e profissional.

“Graças ao Picme consegui uma bolsa com três meses na graduação na Escola de Engenharia de São Carlos (USP), para onde me mudei aos 17 anos. Era um programa de iniciação à Matemática. Essa formação mais ampla propiciou-me ainda a experiência de ser duas vezes monitor de cálculo. Além do aprendizado, o Picme teve outra importância extremamente relevante: a ajuda financeira me manteve na universidade, a verdade é essa”, comenta.

O desempenho na academia, onde ingressou em 2009, levou Acássio a se habilitar para intercâmbios com universidades estrangeiras. Passou um ano na Universidade do Porto (Portugal), incumbido de um estudo detalhado sobre Veículos Aéreos Não Tripulados, Vants na linguagem científica, e drones, no modo coloquial. Ficou lá de 2012 a 2013.

No ensino superior, Acássio buscava entender a Matemática e seus desdobramentos. “Uma das coisas de que mais gostava era ver mais à frente os conteúdos das matérias. Procurava coisas mais
avançadas, nunca deixei de buscar temas novos”, afirma ele, que faz mestrado em engenharia elétrica pela USP.

Logo após a formatura, Acássio empregouse na Whirpool Corporation, como engenheiro responsável pelo desenvolvimento de produtos. Já fora da companhia, após a recente aprovação no concurso público, ele saúda o período de aprendizado na iniciativa privada. “A paixão pela Matemática sempre foi recorrente, agora e na empresa. Todos os dias, eram aplicações diretas e indiretas, na criação de modelos matemáticos de motores, no conhecimento estatístico na análise de dados, seja no raciocínio crítico na elucidação de problemas. As questões da Obmep e as demonstrações no Picme ajudaram-me muito. Foram impactos que, embora não possa mensurálos, tiveram presença a cada instante nos trabalhos desenvolvidos”, diz.

Orientadora de Acássio na primeira bolsa de iniciação científica (2011-2012) e no trabalho de conclusão do curso universitário em 2014 (sobre controle de sistema fotovoltaico), a professora Vilma Alves de Oliveira, da USP, diz que ele “tem enorme potencial para pesquisa e desenvolvimento, excelente caráter e espírito de cooperação”. De acordo com Vilma, Acássio “é responsável, inteligente, criativo, e motivado”, condições que o habilitam a estar “acima da média dos alunos” por ela orientados. “Para mim, é uma satisfação enorme ter colaborado com a sua formação na área de controle e automação”, complementa.

Noivo da enfermeira Bárbara Macedo, o engenheiro elétrico radicouse neste ano em São Paulo, capital, em função do novo emprego. “Estou caminhando para o casamento”, anuncia. Bárbara conta ter grande admiração pelo futuro marido, embora revele não haver muita simpatia pela Matemática. “Não gosto. Sei o mínimo para não errar na dose da medicação. Minha área de predileção é a ciência biológica. Das exatas, só gosto de química”, diz.

Acássio e Bárbara conheceram-se em um ônibus entre o município de Leme e São Carlos, onde estudavam. Namoro iniciado, conviviam nos laboratórios da USP, cada um em sua área. “Passávamos o fi m de semana juntos. Ele, no seu laboratório; eu, no meu. Ficava reparando. Ele ligava um botãozinho, pressionava, programava, as luzes se acendiam. No fim, tudo funcionava. Eu não entendia nada. Mas ele me levava junto. Um dava força para o outro. Era o jeito para não ficarmos separados. Mais do que um profissional de excelência, Acássio é uma pessoa muito preocupada com a família, com o indivíduo. Muito dedicado com tudo”, conta ela.

*Texto retirado do livro “Histórias Inspiradoras da OBMEP

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