Navegar

27/04/2021

No Blog de O Globo, os desafios do ensino da matemática

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Reprodução do blog do IMPA Ciência & Matemática, de O Globo, coordenado por Claudio Landim

Claudio Landim  – Diretor-adjunto do IMPA e Coordenador-geral da OBMEP

O ensino da matemática nos anos iniciais

O maior desafio do ensino da matemática no Brasil continuam sendo os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Os cursos de pedagogia no país não ensinam matemática. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das melhores do país, a grade curricular inclui apenas um curso de didática do ensino da matemática, em comparação com dois cursos de filosofia da educação e dois cursos em história da educação. Em consequência, os professores chegam à sala de aula sem saberem matemática, incapazes de ensinar o que não dominam. Não é incomum vê-los transmitindo conceitos errados aos seus alunos.

De modo que um grande número de alunos chega ao sexto ano com lacunas sérias em sua formação.

Leia mais:  Daniel López defende tese sobre monodromia
No Livro Histórias Inspiradoras da OBMEP: Karen Carvalho
Vaga aberta para cargo de especialista de TI no IMPA

Os professores do segundo segmento do ensino fundamental, formados nos cursos de licenciatura, se deparam com o dilema de sanar as deficiências observadas ou ensinar a matéria estipulada pelo currículo. Como a maioria opta pela segunda alternativa e como a matemática, ao contrário de história, geografia ou, até, português, é uma disciplina vertical, em que os conceitos se sobrepõem, onde para aprender a somar frações é preciso saber multiplicar, as insuficiências impedem a compreensão dos novos conceitos, as lacunas se adicionam e muitos alunos chegam ao final do Ensino Médio com graves carências em matemática.

Para estes alunos, o curso universitário de pedagogia, onde a nota da prova de matemática nos exames de admissão não tem muito peso, surge como uma das alternativas naturais, fechando o ciclo pernicioso do ensino da matemática no Brasil.

Essa má formação inicial explica, em grande parte, o desempenho pífio do Brasil nos exames internacionais como o PISA.

Será necessário mais de uma geração para sanar este problema. Investir na formação continuada dos pedagogos, que sedimentaram práticas didáticas inadequadas, não tem surtido efeito. O país gasta fortunas em programas desta sorte sem medir seus efeitos e sem observar nenhuma melhoria na qualidade do ensino.

Uma nova carreira, com um salário diferenciado, cujo o acesso fosse facultado por um exame nacional, como ocorre em alguns países ou no ingresso à ordem dos advogados, poderia atrair imediatamente para as escolas jovens que, pelo menos, sabem e gostam de matemática.

Enquanto isso, a OBMEP tem tentado remediar a situação com três ações distintas. Em 2018, foi criada uma olimpíada de matemática para alunos do quarto e quinto ano do Ensino Fundamental. A prova não mede conhecimentos em matemática mas propõe desafios e quebra-cabeças para tentar despertar o interesse e a curiosidade das crianças pela matemática.

Desde de 2016, o portal do saber da OBMEP propõe quebra-cabeças de matemática para alunos do primeiro segmento do Ensino fundamental. Cada um, ilustrado com muito cuidado, pode ser impresso e usado em sala de aula ou apresentado pelos pais aos filhos como um jogo ou uma brincadeira.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

Leia também: ‘Multiplicando Saberes’ estreia 2ª temporada
No Livro Histórias Inspiradoras da OBMEP: Karen Carvalho