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15/06/2022

Na Folha, Viana relembra história da internet no Brasil

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Era o início de 1990, e eu estava digitando a tese de doutorado num dos poucos computadores que havia no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Notei uma estrutura diferente na parede: explicaram que era “para ligar os computadores em rede”.

Achei estapafúrdio: conectar computadores uns aos outros para quê?! Foi meu primeiro contato com uma das maiores revoluções da história da comunicação: a internet.

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Que tenha se manifestado tão cedo no Impa não foi um acaso. O responsável pelo setor de tecnologia no instituto, o pesquisador Jonas Gomes, integrava um grupo de pioneiros liderado pelo cientista Tadao Takahashi, que vinha pensando a implantação da internet no país. Jonas trouxe as discussões para o Impa, que acabou sendo, durante mais de uma década, a sede da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a organização que criou a internet no Brasil.

Havia quem defendesse um modelo fechado para a rede brasileira. Seria coerente com a lógica da nossa telefonia, totalmente estatal. E havia precedentes: a França saíra na frente com o lançamento, ao final dos anos 1970, do Minitel, um sistema estatal bem-sucedido de comunicação entre terminais caseiros por meio de linhas telefônicas.

Por volta de 1992, o Minitel estava em 6,5 milhões de lares franceses e oferecia milhares de tipos de transações, além de estar se expandindo para outros países. Mas, incapaz de evoluir adequadamente, dez anos depois já estava morto. Numa visita ao Museu de Artes e Ofícios, em Paris, anos atrás, expliquei aos meus filhos que aquela maquininha era a internet de antigamente, mas eles não deram bola.

A circunstância de o Rio de Janeiro sediar a conferência Eco-92, de 3 a 14 de junho de 1992, abriu o caminho para que o Brasil entrasse diretamente na era da internet aberta.

A presença de inúmeros jornalistas e entidades de todo o mundo exigia uma conexão com a rede internacional. Sabendo que o sistema estatal de telecomunicações não tinha como fornecer tal acesso, os organizadores negociaram com a RNP a sua criação para a conferência, em troca da doação dos equipamentos necessários. Assim nasceu, 30 anos atrás, a primeira rede de internet do país, que ligava 11 cidades por meio de “backbones” de 64 e 9,6 kb/s e tinha duas conexões de 64 kb/s com os Estados Unidos.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

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