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23/03/2022

Na Folha, Viana conta a história de um duelo matemático

Imagem: Freepik

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S.Paulo

Em 10 de agosto de 1548, dois homens se encontraram na igreja de Santa Maria del Giordano, em Milão, para um duelo feroz. No lugar de espadas, as armas eram ideias matemáticas. Mas nem por isso a luta era menos implacável, pois ao vencedor teria glória e fortuna; ao perdedor vergonha e ostracismo. Para ambos, que nunca tinham deixado a pobreza em que nasceram, muita coisa estava em jogo.

Niccolò Fortuna (Tartaglia, que significa “gago”, era um apelido cruel) nasceu em Brescia por volta de 1500. Seu pai morrera quando tinha 6 anos, deixando a família na miséria. Autodidata por necessidade, descobriu cedo seu talento para a matemática, que lhe valeu empregos como professor em Verona e Veneza. Sabemos que tinha família e vivia com dificuldades.

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Em 1535, adquiriu fama ao enfrentar em duelo matemático Antonio Maria del Fiore, que aprendera de seu mestre Scipione del Ferro um método para resolver as equações da forma x3+px=q. Tartaglia redescobrira a solução, e conseguira estendê-la a outros tipos de equações cúbicas. Isso lhe permitiu derrotar Fiore de forma contundente.

 
Ludovico Ferrari nasceu em Bolonha em 1522. Tendo perdido o pai na infância foi morar com um tio em Milão, onde se tornou empregado de Cardano. Percebendo o brilho excepcional do jovem, o patrão lhe ensinou grego, latim e matemática, e logo começou a usar seus serviços como secretário. Ferrari lhe retribuiu com lealdade total ao longo de sua vida. Nunca publicou trabalhos matemáticos no seu nome, e suas melhores descobertas —inclusive a espetacular solução da equação de grau 4— ele cedeu para publicação em “Artis Magnae”.
 
 

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