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31/03/2021

Na Folha, os duelos da equação cúbica no Renascimento

Niccolò Tartaglia. Imagem: Wikimedia Commons

Reprodução da coluna de Marcelo Viana, na Folha de S.Paulo

No início do século 16, o italiano Scipione del Ferro (1465–1526) descobriu um método para encontrar as soluções de qualquer equação cúbica especial x³+mx=n. Del Ferro ganhava a vida resolvendo problemas de matemática, e essa equação era a sua grande façanha. Guardou o segredo até morrer, quando o deixou a seu aprendiz Antonio Fior.

Toda equação cúbica ax³+bx²+cx+d=0 pode ser reduzida à forma especial e, portanto, sem saber ele resolvera um problema muito mais geral, que remontava a 2.000 a.C.. Sem saber, porque para fazer a redução é necessário usar coeficientes m e n tanto positivos como negativos, e na época os negativos ainda não tinham sido descobertos.

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Em 1530, surge um concorrente: Niccolò Tartaglia (1500–1557) anunciou que também sabia resolver equações cúbicas. Preocupado, Fior desafiou-o para um duelo: cada um proporia equações ao rival e quem resolvesse mais ganharia a aposta. Fior propôs equações do tipo especial, que ambos sabiam resolver. Já o astuto Tartaglia optou por equações do tipo x³+mx²=n, que Fior foi incapaz de resolver.

Entra em cena um dos personagens mais fascinantes do Renascimento italiano: Gerolamo Cardano (1501–1576). Matemático, médico, biólogo, químico, astrônomo, astrólogo, filósofo e escritor, ele era também jogador inveterado. O seu interesse pelos jogos de azar o levou a ser um dos pioneiros da teoria da probabilidade.

Embora não fosse quebra do combinado, estritamente falando, Tartaglia sentiu-se traído, e desafiou Cardano para um duelo matemático. Esse recusou, mas foi substituído por seu discípulo Lodovico Ferrari (1522–1565), que ganhou a disputa, arruinando a carreira de Tartaglia.

Ferrari não era um discípulo qualquer. Em 1540, descobrira a solução da equação quártica ax⁴ +bx³+cx²+dx+e=0, que Cardano também publicou na Artis Magnae.

A expectativa de que logo se seguiriam as equações de grau maior foi frustrada no início do século 19, quando o italiano Paolo Ruffini (1765–1822) e o norueguês Niels Henrik Abel (1802–1829) mostraram que a partir do grau 5 não existem resoluções desse tipo.

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