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10/06/2021

Letícia Mattos defende tese sobre combinatória


Crédito: Arquivo Pessoal

Contagem faz parte da vida de Letícia Mattos de muitas maneiras. Além de ser o nome da cidade em que nasceu e viveu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, contagem é o que se faz dentro da sua área de pesquisa, a Combinatória. “Durante a infância já tinha a ideia de que, qualquer que fosse a profissão, ela deveria envolver matemática. Hoje, a matemática representa a minha vida. Não me vejo sem ela”, resume.

Prestes a se tornar doutora pelo IMPA, Letícia apresenta, na próxima sexta-feira (11), às 10h, a tese “Propriedades Combinatoriais de Grafos e Matrizes Aleatórios”, orientada  pelo professor Robert Morris. A apresentação será feita por videoconferência e terá transmissão pelo YouTube do instituto.

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De forma resumida, a pesquisadora explica o que se estuda em Combinatória. “É possível que, em todo grupo suficientemente grande de pessoas, haja ‘k’ delas que sejam amigas simultaneamente ou ‘k’ delas que não sejam amigas simultaneamente? Sabemos, por exemplo, que, em todo grupo com mais de 48 pessoas, há 5 pessoas que são amigas simultaneamente ou 5 que não são. Porém, até hoje não se sabe se em qualquer grupo com 47 pessoas é possível garantir essa propriedade. Não compreendemos muito bem esse problema para valores de ‘k’ muito grandes”.  Em linguagem matemática, esses grupos junto com suas relações de amizade são conhecidos como grafos. “De forma geral, buscamos encontrar certas estruturas em grafos, contar grafos com certas propriedades e analisar o comportamento de grafos aleatórios”, diz.

Os professores que teve ao longo do período escolar foram fundamentais para que ela escolhesse a matemática como profissão, compartilha a mineira. “Eles perceberam meu gosto pela matemática e sempre me incentivaram a continuar estudando”. As participações na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) também tiveram papel importante na sua relação com a disciplina, lhe apresentando “um universo totalmente desconhecido”. Nos encontros do programa de iniciação científica (PIC Jr.), pôde aprender matemática “de uma forma leve, prazerosa e ao mesmo tempo desafiadora”.

O interesse por Combinatória surgiu na graduação em matemática na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde ela também fez mestrado. Mas foi durante um curso de verão no IMPA, em 2013, que se encantou ainda mais pela área, conta. O início do doutorado, em 2017, não veio sem algumas dificuldades. “Existe um universo enorme entre a matemática nos livros e a pesquisa matemática. Fui realmente aprender sobre pesquisa nos seminários organizados pelo meu orientador, Rob Morris. Acredito que isso tenha sido fundamental para o meu crescimento acadêmico.”

Atuando em um campo que ainda é predominantemente masculino, a doutoranda encontrou apoio em outras pesquisadoras do instituto. “Sempre tive a pesquisadora Carolina Araujo como inspiração. Além de excelente matemática, ela tem contribuído bastante para as discussões sobre disparidade de gêneros na matemática e na ciência de modo geral”.

Letícia já traça os próximos passos da carreira. Depois do doutorado, ela fará um pós-doutorado na Freie Universität de Berlim, uma das mais prestigiadas da Alemanha e da Europa, e outro nos Estados Unidos, na Universidade de Illinois.