Navegar

19/04/2018

Evento mundial leva a ciência para a mesa de bar

Se você acha que bar é território inóspito para cientistas é porque ainda não ouviu falar sobre o Pint of Science. Surgido em 2013, em três cidades do Reino Unido, o movimento logo mostrou que o público tem interesse, sim, no que é produzido entre as quatro paredes de laboratórios e salas de aula. E é uma curiosidade tão genuína que, rapidamente, a iniciativa ganhou dimensão global e se transformou em um dos maiores eventos de divulgação científica do mundo. Este ano, será realizado em mais de 300 cidades de 21 países, que vão brindar à ciência, de forma simultânea, nas noites dos dias 14, 15 e 16 de maio.

Leia também: OBMEP 2018 bate recorde de escolas participantes 
Pesquisadora do IMPA escreve sobre matemática e gênero
Aos 32 anos, professor de matemática estreia na NBA

A ideia surgiu quando a neurocientista Praveen Paul e o Phd em nanomedicina Michael Motskin, à época vinculados ao Imperial College London, resolveram levar um grupo de pessoas afetadas por doenças como Parkinson e Esclerose Múltipla a laboratórios, para que pudessem ver de perto como são realizadas as pesquisas na área.

A experiência foi tão marcante que Paul e Motskin pensaram em um movimento inverso: se as pessoas querem ir até os laboratórios para conhecer e ouvir cientistas, que tal irmos até às pessoas para uma conversa descontraída sobre temas que tanto impactam a vida de todos nós? Como nada melhor do que uma mesa de bar – ou pub ou restaurante ou café ou bistrô ou pé sujo – para um tête-à-tête, científico ou não, o evento surgiu em um dos lugares mais democráticos que existem.

Realizado principalmente por voluntários, com a participação de uma comunidade de pesquisadores de pós-graduação e pós-doutorado, o Pint of Science promove conversas interessantes e relevantes num formato acessível ao público. A proposta é que, mesmo sem conhecimento prévio sobre o assunto, o bate-papo flua.

No Brasil, o festival surgiu em São Carlos (SP), em 2015, e a receptividade também foi grande. Nesta terceira edição nacional, há programação em 56 cidades em todas as regiões do país. No Rio, Jarbô Café, no Jardim Botânico; Bento Bar, no Maracanã; Empório Colonial, no Centro; e um bar na zona sul, que será divulgado em breve, aderiram à iniciativa. A programação completa está disponível no site pintofscience.com.br.  

Por três noites seguidas, clientes tradicionais ou de primeira hora dividirão a mesa com a ciência. Entre um tira-gosto e uma tulipa de chope, uma variedade de temas que versam sobre as ações benéficas dos microorganismos que nos habitam, o mundo quântico e o futuro da informática, mudanças climáticas e os recifes de corais e vida extraterrestre. A ideia não é monólogo, mas bate-papo.

E se você tem fascínio ou simpatia por Matemática, ou até torce o nariz, mas está disposto a rever seus conceitos, reserve a data: 16 de maio, a partir das 19h30, no Jarbô (Rua Jardim Botânico, 1008, Jardim Botânico), você tem um encontro marcado com os matemáticos Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA, e Ricardo Rosa, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante a conversa, eles contarão histórias surpreendentes para quem nunca imaginou que, por trás de uma atrativa caneca de cerveja, há Matemática.  

Além do passeio pela história da Matemática, a conversa há de garantir informações valiosas também para quem, além de puro deleite, sonha em um dia botar a mão na massa e criar suas próprias cervejas, como faz Ricardo Rosa, “pai” da Colorado Demoiselle e da Vertigem da Mistura Clássica, entre outras cervejas.

“O festival está crescendo exponencialmente no Rio. Os bares ficaram lotados. A expectativa para este ano é ainda maior. Nós nos preocupamos em produzir um festival que contemple os mais diversos ramos do conhecimento. Teremos encontros falando desde genética e física quântica até música. Grandes nomes da ciência carioca como Marcelo Viana, diretor do IMPA, a matemática e historiadora Tatiana Roque e o neurocientista da UFRJ Stevens Rehen estão na programação”, diz, no release do evento, o doutor em microbiologia e biologia molecular e professor da UFRJ, Leandro Araújo Lobo, coordenador do evento no Rio de Janeiro.

Como a proposta é compartilhar conhecimento, principalmente, de forma voluntária, coordenadores e cientistas participantes do festival não recebem remuneração. Bares e restaurantes cedem seu espaço, e o público paga o que consumir.  Se você quiser dar uma olhada no site internacional do evento.

Leia também: Matemático Chaim Samuel Hönig morre, em SP, aos 92 anos
Museu do Amanhã mostra a beleza escondida da Matemática