Encontro Brasil-França aproxima culturas no IMPA
Nos quase 9 mil quilômetros que separam Brasil e França há terra, um imenso oceano, hábitos e aspectos culturais particulares de cada povo. Nesta semana, matemáticos estão reunidos no IMPA para o “1st Joint Meeting Brazil-France in Mathematics”, evento que celebra a colaboração na disciplina entre os dois países. Nos auditórios e salas de aula, a troca pode até se restringir a conteúdos da Matemática, mas, fora deles, a interação mais descontraída também tem sido rica.
Isabelle Liousse, professora da Universidade de Lille (norte da França), está no Brasil pela primeira vez. Além de assistir às palestras e fortalecer o networking, ela experimenta comidas típicas brasileiras. “Tenho tomado açaí e comido pão de queijo. Gostei muito do que provei. Nunca encontrei nada disso na França”, comentou.
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De astrônomo mirim a pesquisador do IMPA
Outra coisa que chamou sua atenção foi o fato de ser constantemente confundida com uma argentina. “Acho que é por causa do meu portunhol”, brincou. A francesa mencionou já estar bastante familiarizada com o estilo de vida carioca, que afirma não ser tão diferente do que leva no continente europeu.
Faltando pouco tempo para entregar sua tese de doutorado, a brasileira Hellen Santana acredita que ter passado um ano do programa na Université de Angers (centro da França) foi fundamental. Ela conta que a adaptação foi um pouco difícil.
“Os franceses são um pouco fechados, mas muito educados. Como sou tímida, tive um pouco de dificuldade para me desenrolar no âmbito social”, afirmou a matemática.
Ela contou ter sentido falta da presença feminina no departamento de matemática da universidade francesa. “No ICMC, no doutorado em Matemática e na pós-graduação em geral, temos muitas mulheres aqui no Brasil. Lá, no departamento inteiro, só havia duas professoras, uma pós-doc e uma doutoranda.”
A paraibana Gabriela Wanderley pelejou para aprender o francês. Em 2014, quando iniciou os estudos na Université Paris-Est-Marne-la-Vallée, ela só tinha o inglês como segunda língua. “Como a Matemática é uma linguagem bastante universal, isso acabou não sendo um grande problema no desenvolvimento da minha pesquisa”, disse.
Os colegas franceses com quem fez amizade a ajudaram no avanço no idioma. “Acho que dei sorte porque a impressão que tive dos franceses é muito positiva. Fui muito bem recebida, tinha até um grupo de amigos com quem marcava de correr.”
O que decepcionou a pós-doc foi a promessa de verão, que nunca se concretizou. “Imaginei que as estações fossem bem demarcadas, mas não teve verão enquanto estive lá. O calor durou, no máximo, duas semanas”, lamentou Gabriela.
Se o frio desagrada os brasileiros, é de se imaginar que as altas temperaturas cariocas espantem os franceses. Hugo Malamut veio diretamente da École Normale Supérieure de Paris para o IMPA, onde participa de um estágio de pesquisa desde fevereiro.
“Aqui é muito quente e úmido. Dentro do IMPA consigo sentir essa umidade até nas folhas do caderno”, disse.
Outro fator que chamou sua atenção é a mania de os brasileiros gesticularem. “As pessoas fazem muitas coisas com as mãos enquanto falam”, disse o rapaz, enquanto reproduzia o sinal de “hang loose”.
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