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25/01/2021

Com matemática, aposentados ganharam prêmios na loteria

Foto: Pixabay

Quando o assunto é loteria, não faltam sites na internet que vendem dicas infalíveis e fórmulas certeiras para marcar no bilhete os números que serão sorteados. Afinal, acertar a bolada é uma questão de estratégia ou sorte? No geral, a maioria das apostas têm rigorosamente a mesma chance de sair. Mas um caso ocorrido em Michigan, nos Estados Unidos, mostrou ser um ponto fora da curva. Bacharel em matemática pela Western Michigan University, o americano Jerry Selbee encontrou uma brecha no sistema e usou a matemática para lucrar US$ 8 milhões (o equivalente a R$ 40 milhões) na loteria durante mais de uma década sem cometer qualquer fraude.

Jerry e Marge, sua esposa, levavam uma vida pacata na pequena cidade de Evart, em Michigan (EUA), quando foram atropelados pela valiosa descoberta. Dois anos após se aposentar, Jerry passava pela loja de conveniência que tinha vendido pouco tempo antes quando viu um folheto explicando as regras do jogo de loteria Winfall. O raciocínio matemático entrou em ação e, em três minutos, ele descobriu o potencial do jogo.

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Sem histórico de apostador, o aposentado reuniu papel e lápis para testar sua fórmula que permitiria ganhar sempre mais dinheiro do que o investido no jogo Winfall. Percebendo que o nível exacerbado de concentração do marido, Marge, que preparava o café, perguntou: “No que você está trabalhando? Algum problema?”. Ao que Jerry respondeu: “Acho que ganhamos na loteria”.

No Winfall, os apostadores precisavam escolher seis números entre 1 e 49. Quem adivinhasse dois, três, quatro ou cinco números recebia um prêmio que aumentava de valor quanto mais fossem os números acertados. Para conquistar o maior prêmio, de pelo menos US$ 2 milhões, era preciso marcar os seis números. O diferencial era que o Winfall tinha um jeito próprio de acumular. Caso não houvesse ganhador do grande prêmio, os valores cresciam até atingir US$ 5 milhões. Esta quantia se convertia em prêmios na aposta seguinte, tendo ou não um acertador dos seis números.

Ou seja, a cada vez que a cifra chegava a US$ 5 milhões, a probabilidade de alguém faturar mais alto com quatro ou cinco números acertados aumentava consideravelmente. Jerry notou que isso ocorria em um intervalo de cerca de três meses, onde residiam suas chances. Usando aritmética básica, ele descobriu que se apostasse US$ 1,1 mil em uma destas situações, matematicamente ganharia cerca de US$ 1,9 mil somando os bilhetes de acertos menores que teria. Um ganho de um pouco mais de 80%.

No primeiro teste, Jerry comprou US$ 3,6 mil em bilhetes e faturou US$ 6,3 mil. Três meses depois, refez a aposta seguindo a estratégia, desta vez com um investimento de US$ 8 mil, e ganhou quase o dobro. “Eu simplesmente não conseguia, simplesmente não conseguia entender como ninguém havia pensado nisso antes”, afirmou o matemático.

Percebendo o potencial da descoberta, o casal decidiu profissionalizar o negócio.  Fundaram a G.S. Investment Strategies, empresa que desenvolveu um sistema de cotização para que amigos e parentes pudessem participar do empreendimento. Em 2005, já eram 25 apostadores no grupo e o lucro podia chegar a até US$ 8 mil por rodada, tudo dentro da lei. Provavelmente não por acaso, o estado de Michigan decidiu encerrar essa loteria, alegando baixo número de apostas.

Em 2012, uma reportagem investigativa do jornal Boston Globe ceifou os tempos de bonança dos Selbee. Os jornalistas descobriram que dois grupos estavam faturando a maioria das apostas do Cash Winfall: o casal de Michigan e alguns estudantes de matemática do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que haviam descoberto a mesma brecha há sete anos.

Tendo lucrado US$ 8 milhões, os Selbee afirmaram que investiram o dinheiro na reforma da casa e ajudando seus seis filhos, 14 netos e 10 bisnetos com despesas de educação. Eles continuam morando na mesma cidade e, em 2019, venderam para Hollywood os direitos sobre sua eletrizante história. 

Fonte: Revista Época

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