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13/06/2018

Ciclo IMPA-Serrapilheira mostra que a Matemática pode ser pop

Villani, Medalha Fields 2010, é um dos palestrantes. Foto:  Marie-Lan Nguyen

Matemática vai muito além dos números. É emoção, aventura, desenvolvimento, diversão, desafio, arte. Descobrir seus muitos sinônimos fica fácil quando ouvimos pessoas que se deixaram inspirar por ela e se tornaram grandes pesquisadores da área, além de mestres na arte de mostrar ao mundo como a Matemática importa e nos afeta no dia a dia. Se você quer ouvi-los, agende-se para as palestras públicas do Ciclo IMPA-Serrapilheira, uma das atividades do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla em inglês), em agosto, no Rio.

Realizado a cada quatro anos, o ICM é o momento no qual pesquisadores de todas as partes do mundo trocam ideias sobre os mais recentes avanços da área, um conhecimento complexo que se torna ainda mais valioso quando vai além do público especializado. Pensando nisso, foi elaborada uma programação, coordenada pelo diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, em conjunto com o Instituto Serrapilheira, criado em 2017 para apoiar projetos de pesquisa e divulgação científica em Matemática, física, engenharias e ciências da computação, da terra e da vida.

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Com as palestras de divulgação, pessoas de idades e interesses diversos terão a oportunidade de participar, gratuitamente, do mais importante evento mundial da área, que mobiliza a comunidade matemática desde 1897. Para o presidente do Serrapilheira, Hugo Aguilaniu, uma ação clara de divulgação com o público leigo é essencial à Matemática.

“Como a Matemática brasileira é de excelência, acreditamos que, ao chegar neste nível, é preciso pensar sobre divulgação científica como representatividade de minorias e ter uma política sobre esses assuntos”, observa ele, para quem a parceria com o IMPA é fundamental, porque a instituição tem como missão o apoio à pesquisa nacional de ponta.

A expectativa de Aguilaniu é que os encontros mostrem ao público outras formas de encarar a Matemática. “Matemática não é apenas contar. É uma aventura, cuja construção sai diretamente da mente humana. É absolutamente linda”, diz, destacando a importância de ir além da visão clássica do matemático como um nerd, que só faz contas, e mostrar que a Matemática “é um valor absolutamente central na construção de uma identidade nacional, como a literatura.”

Matemáticos surpreendentes

A relação dos pesquisadores que virão ao Brasil participar do Ciclo IMPA-Serrapilheira, de 2 a 8 de agosto, mostra que os matemáticos são muito diversos e até surpreendentes. Que o diga o francês Cédric Villani, do Institut Henri Poincaré de Paris, um dos mais destacados centros de pesquisa internacional da área, que ainda se divide com as atividades como deputado na Assembleia Nacional da França. Apesar da agenda corrida, permanece mobilizando plateias com relatos inspiradores sobre Matemática. Com um jeito diferente de se vestir, parece um personagem saído do século 19 e prende a atenção do público desfiando histórias sobre o trabalho como pesquisador, que o fez ganhar, em 2010, a Medalha Fields, considerada o Nobel da Matemática.

Belga, mas há muito radicada nos Estados Unidos, onde é professora de Matemática da Duke University, Ingrid Daubechies também tem observações sobre a Matemática que fogem ao senso comum e alertam o público para as conexões existentes com outras áreas do conhecimento, como a poesia. Primeira mulher a presidir a União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), entre 2011 e 2014, e pioneira no Departamento de Matemática da Princeton University, um dos mais destacados centros de pesquisa mundial na área, ganhou diversos prêmios pelos estudos sobre wavelets, conceito matemático por trás de inúmeras aplicações, especialmente nas transmissões em alta definição.

Conterrâneo de Villani, Étienne Ghys compartilha da importância de valorizarmos a divulgação da Matemática, algo, aliás, que faz com maestria. Responsável pela unidade de Matemática Pura e Aplicada da Escola Normal Superior de Lyon (França), ele conjuga a dedicação aos conceitos abstratos à popularização da área, tanto que já roteirizou e dirigiu séries de animação para explicar a Quarta Dimensão e a Teoria do Caos para crianças. Não à toa, ganhou um prêmio do Instituto Clay, dos Estados Unidos, pelas iniciativas como comunicador.

Professor da Universidade Nova de Lisboa, o português Rogério Martins, na série de televisão “Isto é matemática”, promovida pela Sociedade Portuguesa de Matemática, sai de bicicleta pelas ruas, pendura-se em barras de ferro como se fosse um hábil ginasta e vai além, sempre movido pela intenção de mostrar ao público leigo como a Matemática está nas situações corriqueiras da vida.

O Ciclo IMPA-Serrapilheira mostrará ainda que a Matemática também está em brinquedos engenhosos, como os inventados pelo japonês Tadashi Tokieda. Professor da Stanford University (EUA), onde estuda física matemática, ele tem uma trajetória nada usual. Antes de se tornar pesquisador da área, dedicou-se à pintura e, depois, à filologia. Já viveu em seis países, descobrindo e ensinando as maravilhas da Matemática.

Já está curioso para ouvi-los? Então, faça logo seu cadastro no site do ICM (www.icm2018.org) – é necessário ter, pelo menos, 14 anos. Neste caso é preciso enviar a autorização para menores de idade, disponível na página (http://www.icm2018.org/portal/visitacao-escolar). Se houver vaga no momento da inscrição on-line você poderá assistir duas, três, quatro, enfim, todas as palestras.

Confira a programação:

Palestra 1: Etienne Ghys (ENS Lyon, França)*

Pavilhão 5 do Riocentro,  02 de agosto | 12:30 – 13:30

 

Palestra 2: Ingrid Daubechies (Duke University, USA)

Pavilhão 3 do Riocentro, 03 de agosto | 15:30 – 16:30

 

Palestra 3: Cédric Villani (IHP, França)

Pavilhão 3 do Riocentro, 06 de agosto | 15:30 – 16:30

 

Palestra 4: Tadashi Tokieda (Stanford University, USA)

Pavilhão 3 do Riocentro, 07 de agosto | 15:30 – 16:30

 

Palestra 5: Rogério Martins (Universidade Nova de Lisboa, Portugal)

Pavilhão 3 do Riocentro, 08 de agosto | 15:30 – 16:30

 

Palestra 6: a ser definida

 

Acesso para escolas públicas e privadas

 

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