Chegada dos medalhistas OBMEP colore o dia de azul
Os 576 jovens dos ensinos fundamental e médio chegam de todas as partes do país com suas camisetas azuis para o esperado dia da entrega das medalhas de ouro da OBMEP 2017.
Este ano, o evento ganhou ainda mais brilho. Ele está sendo realizado no Congresso Internacional de Matemáticos (ICM 2018), com direito a presenciar a entrega da Medalha Fields.
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Para alguns dos agraciados, a emoção se renova, como é o caso do gaúcho Luca Escopelli e da capixaba Fabíola Loterio, os dois de 18 anos.
Luca, um hexamedalhista, se prepara para realizar mais um sonho, cursar Engenharia da Computação no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Nada mais justo para quem, aos 5 anos, se divertia com os testes de Matemática mostrados pelo tio.
“Eu achava legal e continuei a manter meu interesse pela matéria”, conta o estudante do Colégio Militar de Porto Alegre (RS), que aos 12 anos ganhou sua primeira medalha e não parou mais.
Para ele, participar das Olimpíadas foi uma forma de se dedicar mais ao mundo das exatas. Por conta desse desempenho, foi cursar o PIC e, a partir dessa nova formação, pode se aprofundar mais na Matemática e ainda ganhou uma bolsa de estudos em uma escola particular, para se preparar para o ITA.
“A grande diferença é que os alunos de lá são selecionados, portanto, se dedicam integralmente. Afora isso, o PIC nos ensinou a pensar.”
Fabíola Loterio (18) tem no currículo três medalhas de ouro. Sua família tem um DNA especial, quando o assunto é Matemática. A irmã mais velha sempre foi apaixonada. Ela e as irmãs já foram agraciadas algumas vezes. As trigêmeas, agora, estudam Matemática na UFES. Fabíola conta que a matéria sempre foi fácil para elas, mas participar do OBMEP serviu de incentivo.
“Minha primeira OBMEP foi em 2011. No ano seguinte, por conta da minha medalha, entrei no PIC. Tudo mudou, a partir daí. No início, era bem difícil. Não estava acostumada a pensar Matemática. Na escola, o foco são as fórmulas, sem entender os conceitos. Depois, fluiu e me apaixonei mais.”
Sobre a questão de gênero na Matemática, ela aponta que o estudo das exatas é sempre visto como coisa de menino e isso é um desestímulo. “À medida que crescemos, esse preconceito se aprofunda. Na escola, nunca ouvi falar de uma matemática famosa. Todas as referências são masculinas. Parece que Matemática não é para nós.”