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28/10/2019

À GloboNews, Artur Avila fala sobre ensino da Matemática

Foto: reportagem GloboNews

Pesquisador extraordinário do IMPA e vencedor da Medalha Fields em 2014, Artur Avila falou sobre os rumos e desafios do ensino da Matemática no Brasil em entrevista ao  programa Milênio, exibida no sábado (26), na GloboNews. Gravada no IMPA durante o 32º Colóquio Brasileiro de Matemática, a conversa com a repórter Leila Sterenberg abordou, principalmente a forma de ensinar Matemática nas salas de aulas e como torná-la mais atrativa para os jovens. 

“Qualquer maneira de apresentar a Matemática tem que focar na individualidade dos estudantes. As pessoas têm características diferentes, e não existe uma fórmula universal, que vai se adequar a todos”, disse o matemático, que também é pesquisador da Universidade de Zurique, na Suíça.

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Artur também mencionou os esforços do IMPA para criar iniciativas de impacto na base do sistema de ensino. “Há algum tempo o IMPA pegou para si a responsabilidade de impulsionar e ajudar na solução de problemas da educação básica do país. Tanto a olimpíada (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) quanto os programas de formação de professores têm o objetivo de criar uma formação melhor, alcançando um grupo maior”. 

Foto: reportagem GloboNews

O medo da Matemática foi outro assunto abordado na entrevista. Para Artur, existe uma espécie de preconceito com a disciplina em diversas camadas da sociedade. “As pessoas tentam arranjar um responsável único como um professor, ou o governo, mas todos têm responsabilidade nisso. O preconceito vem da forma como a família, o círculo social e os meios de comunicação apresentam a Matemática. São pais que chegam em casa e dizem ‘tudo bem, você não precisa ir bem em Matemática, eu também não ia’. Ou amigos que que nos restaurantes pedem para o ‘engenheiro da mesa’ fazer a conta.”

Além do ensino da Matemática, Artur também falou sobre sua área de pesquisa: sistemas dinâmicos. Um dos problemas mais clássicos de sistemas dinâmicos, pode ser ilustrado pelo sistema planetário, descrevendo de forma simples a interação dos planetas com o sol. Ainda assim, o matemático alerta que existem questões não resolvidas sobre o tema. “Imaginar a interação de dois planetas em torno do sol já é extremamente mais complicado. Qual é a chance de um planeta ser perturbado pelo outro até que ele escape do sistema solar ou coisa do gênero? Ainda não se sabe”, contou o pesquisador. 

Artur comentou ainda que “não se espera, necessariamente, que todo mundo vá ser um pesquisador de Matemática”. No entanto, sua aplicação está em vários níveis da sociedade. “Mesmo um advogado, um médico, podem trabalhar melhor se souberem um pouquinho de Matemática. Em qualquer nível da sua função como cidadão, ela apresenta aplicabilidade. É importante que todos tenham um bom nível de Matemática”, conclui. 

A reportagem está disponível para assinantes no Globosat Play.

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