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23/08/2024

‘Ninguém deveria sentir orgulho por não saber matemática’

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o pesquisador extraordinário do IMPA Artur Avila trouxe uma reflexão importante e necessária para a sociedade brasileira. “Ninguém deveria sentir orgulho por não saber matemática”. Em reportagem publicada no último sábado (17), o pesquisador extraordinário do instituto defendeu que “o caminho para tirar essa aura impenetrável é não matar a curiosidade, é permitir que as pessoas explorem e brinquem com a matemática, especialmente desde jovens”.

A matéria destacou ainda os dez anos da entrega da medalha Fields ao matemático, em agosto de 2014. A honraria é distribuída apenas a cada quatro anos para quem tenha feito realizações extraordinárias na área antes dos 40 anos de idade. O pesquisador do IMPA é o único latino-americano a ser contemplado com a distinção. “Artur Avila acumulou a função de ser a “cara” da matemática no Brasil e representante do país em eventos no exterior”, destacou o jornal.

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À Folha, o pesquisador falou sobre a importância da medalha; relação com o Brasil, após assumir um cargo na Universidade de Zurique, na Suíça; avanços na área e a forma como desenvolve matemática. Sobre a palestra no IMPA Tech, que ocorreu na última segunda-feira (19), Artur destacou que a proposta foi compartilhar experiências.  A reportagem é de Gabriel Alves e está disponível neste link.

Ao jornal O Globo, Artur contou, durante uma entrevista realizada em Pequim, que tem intensificado sua relação com pesquisadores chineses e que tenta atrair profissionais para o Brasil. Ele destacou que o país asiático intensificou os investimentos em matemática e em outras ciências numa escala que nenhum outro país fez. 

“Aproveitei essa oportunidade na China para tentar enfatizar que pode ser interessante também para os estudantes considerarem o IMPA” disse Artur. “Nesse caso, há uma dificuldade que precisa ser vencida: embora o Brasil tenha instituições de excelente qualidade, muitas vezes as pessoas nesse nível inicial olham para os rankings internacionais, que não têm necessariamente a ver com a prática da disciplina”, explicou. 

Ao repórter Marcelo Ninio, o brasileiro destacou que sua trajetória é um exemplo de que nem sempre as instituições acadêmicas que estão no topo dos rankings são a melhor opção para quem está iniciando sua carreira.  

“Ficar no Brasil, com excelentes pesquisadores, pode valer mais a pena do que ir para um lugar onde você vai ser apenas mais um competindo com outros. As coisas deram mais certo para mim tendo feito doutorado no Brasil do que fora. Eu comecei muito cedo, terminei o doutorado com 21 anos. Era importante ter um acompanhamento naquele momento. Depois do doutorado saí imediatamente para a França. Mas acho que se tivesse saído antes não teria me dado tão bem” contou ao jornal. 

Já a Agência Brasil acompanhou o bate-papo do pesquisador com os alunos do IMPA Tech na segunda-feira (19). A repórter Mariana Torkania enfatizou a conquista da medalha Fields pelo brasileiro e destacou uma dica que o pesquisador compartilhou com os alunos: “é mais importante você aprender bem. Material demais mal aprendido não leva a muito. Os conceitos que realmente uso, os conceitos que realmente são usados, não são tantos assim, mas são muito bem fundamentados e muito rigorosamente estabelecidos”, afirmou.

A matéria também ouviu dois estudantes do IMPA Tech. Tomaz Cavalcante, de 18 anos, avaliou como privilégio a oportunidade de participar da palestra. “Acho que contribui bastante com as perspectivas que temos e reforça o fato de que estamos estudando aqui pode servir. Eu sempre quis fazer uma coisa que pudesse impactar e fazer bem pra sociedade”.

A estudante Bianca Moreira complementou: “matemática sempre foi minha matéria favorita. Desde quando eu era criança, era algo que me deixava muito feliz. Poder descobrir coisas novas, especialmente envolvendo os números”, disse a aluna que avaliou como positiva a experiência de estudar no IMPA Tech. “Por ser menina sempre tem um receio do que as outras pessoas vão achar, mas atualmente está sendo uma experiência muito positiva. Eu considero que as meninas daqui são mais unidas do que o normal e os meninos também”.

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