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08/01/2018

O Globo: Menina medalhista da OBMEP participa do PIC Jr.

Reprodução/Foto: Brenno Carvalho

 

Reprodução da matéria de Rodrigo Berthone em O Globo

O ano de 2018 promete ser cheio de desafios para uma estudante moradora do Recreio. Aos 12 anos de idade, a jovem Ana Luiza Moreno obteve, no fim do ano passado, a medalha de bronze na 13ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que dessa vez também recebeu a participação de estudantes da rede particular. Graças ao bom resultado, Ana Luiza ganhou o direito de participar, este ano, do Programa de Iniciação Cientifica Jr. (PIC), um treinamento em matemática orientado por professores qualificados em instituições de ensino superior e de pesquisa.

Elaborado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o PIC foi criado para estimular a melhoria da qualidade do ensino na escola básica, incentivando o estudo da matemática.

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Aprovada para o 7º ano do ensino fundamental do colégio Notre Dame, no Recreio, Ana Luiza nunca teve problemas com matemática, e, de acordo com a mãe, faz cálculos até com os mililitros das bebidas consumidas pela família em casa.

Segundo a jovem, a participação no Programa de Iniciação Cientifica Jr., ainda sem data para começar, será benéfica para seu currículo.

— Vai abrir muitas portas para o meu futuro, e acredito que, pessoalmente, vai me acrescentar bastante. Será mais uma coisa que aprenderei, uma nova experiência. Estou muito animada — afirma a estudante, que tem um jeito próprio de estudar. — Gosto de fazer os deveres sozinha porque encaro como uma prova, e vejo o que estou acertando e errando.

Quem ouve sobre o desempenho da jovem na prova da OBMEP não imagina as dificuldades que permearam o exame. Meses antes da Olimpíada de Matemática, a jovem fraturou a perna esquerda, precisou operar e ficou afastada da escola.

No dia anterior à prova, por ironia do destino, fraturou novamente a mesma perna. Porém, ela não desistiu: respondeu às questões no refeitório de uma escola municipal da Barra (já que não conseguia subir escadas), sob a supervisão de um monitor.

E não foi só isso…

— Tive uma dor de barriga no meio da prova, e isso, claro, me atrapalhou ainda mais — relembra, com bom humor.

Mãe de Ana Luiza, a enfermeira Janaína Moreno diz que nunca viu uma nota vermelha da filha.

— A nota mais baixa dela foi um 8,4 em religião. Estou tão acostumada com a responsabilidade dela que até esqueço de ficar monitorando. Ela busca o que quer com relação aos seus objetivos. Se a prova vale 10, ela consegue tirar 12, somando os trabalhos que alguns professores acabam passando para aumentar a nota da turma — diz Janaína, que tem outros dois filhos já adultos (o desempenho escolar de ambos era “mediano”, de acordo com a mãe).

Por conta das boas notas que obtinha no boletim, a estudante conta que passou por maus bocados no antigo colégio ao ser vítima de bullying por parte de alunos.

— Eles falavam que eu era a favorita dos professores, e, por isso, acabava ficando isolada. Não tinha um bom relacionamento — relembra a jovem, deixando claro que não enfrenta o mesmo problema no colégio atual.

De férias, a estudante jura que está longe dos livros — pelo menos dos didáticos, já que segue lendo romances no tempo livre. Assim como outros jovens de sua idade, ela conta que adora assistir a seriados — atualmente, seu favorito é o do super-herói Flash.

Para o futuro, os planos são ambiciosos, e demandam ainda mais dedicação aos estudos, uma vez que Ana Luiza pretende cursar três faculdades.

— Quero fazer Letras, Relações Internacionais e Matemática — planeja.

Boa sorte pra ela!

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